O presidente Jair Bolsonaro (PSL) tomou uma decisão correta, esta semana, ao voltar a utilizar ‘lives’ no Facebook para se comunicar com o público, especialmente com seu nicho político. A plataforma foi a principal ferramenta de campanha utilizada pelo presidente, e dessavez foi ‘ressuscitada’ como uma reação aos sucessivos desgastes internos reverberados na mídia durante o Carnaval.
A publicação compartilhada na página oficial do presidente rendeu, em poucos minutos, milhares de visualizações, e no dia seguinte, já tinha sido vista por quase dois milhões de pessoas. Essa estratégia, apesar de positiva, não é suficiente nem resolve os problemas de comunicação criados no seio da própria Presidência da República.
Ao utilizar o Facebook, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno principalmente à sua militância política. Enquanto presidente, no entanto, ele precisa dialogar com a sociedade de forma ampla e irrestrita. Para isso, o Governo precisa mudar radicalmente, primeiro, a sua comunicação interna e, depois, seu relacionamento com a imprensa tradicional.
Ruy Barbosa já dizia em seus discursos: a imprensa é a vista da nação. É ela quem faz a cobertura dos fatos políticos e os leva até o público. Mesmo considerando que os meios de comunicação não são neutros politicamente, é através deles que boa parte da população brasileira ainda se informa, tendo a liberdade de escolher o canal que julgar mais adequado.
É perceptível que rádio, TV e jornais ainda têm a capacidade de agendar o que as pessoas discutem, inclusive dentro nas redes digitais utilizadas pelo presidente da República. Como o Governo quer aprovar reformas e obter mais aprovação popular sem levar isso em consideração?
As críticas do presidente à imprensa são bem-vindas, desde que não ultrapassem a linha tênue do ataque institucional e político, o que pode soar como uma retaliação à liberdade de imprensa. Isso só vai piorar a relação do presidente com os jornalistas que cobrem política.
O Brasil já assistiu atônito cenas de ataque à imprensa nos governos petistas, durante coberturas dos escândalos de corrupção que abalaram a República. Profissionais da comunicação foram atacados nas ruas, feridos física e profissionalmente em ‘protestos’ organizados no país à fora. Bolsonaro ainda não chegou a esse ponto de incitação, e nem deve fazê-lo, sob o risco de cair na mesma cama armada pelo PT.
A má comunicação ou a falta dela já provocou catástrofes e guerras, e também já derrubou líderes que tinham alta aceitação popular. Ou o presidente Jair Bolsonaro aprimora suas estratégias de comunicação ou corre o risco de assistir, de braços cruzados e atônito, a História se repetir embaixo do próprio nariz.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba