Mudanças

Previdência: Bolsonaro admite rever BPC e reduzir idade mínima para mulher se aposentar

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu, na manhã desta quinta-feira (28), com um grupo de jornalistas para um café ao lado do gabinete presidencial, em Brasília.

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu, na manhã desta quinta-feira (28), com um grupo de jornalistas para um café ao lado do gabinete presidencial, em Brasília.

No encontro de 40 minutos no Palácio do Planalto, ele falou sobre a reforma da Previdência, o papel da imprensa profissional, o uso das redes sociais e a crise da Venezuela, dentre outros assuntos. Estavam presentes alguns ministros e o vice, Hamilton Mourão.

Veja, abaixo, os assuntos abordados:

Reforma da Previdência

Na reunião, Bolsonaro afirmou: “Sem a reforma da Previdência, não há solução, não há perspectiva para o Brasil”.

Bolsonaro admitiu que o governo poderá rever alguns pontos da proposta de reforma da Previdência, desde que a essência seja mantida. Ele disse que o projeto não pode ser desfigurado.

Sobre a reforma da Previdência, falou sobre:

  • Benefício de Prestação Continuada (BPC) para os idosos carentes. Na proposta do governo, esse benefício iria para idosos, um salário mínimo, de mais de 70 anos, com uma variação de R$ 400 para 60 a 70 anos. Hoje, são 65 anos. Bolsonaro admitiu que pode haver alguma revisão sobre o BPC.
  • Idade para aposentadoria rural.
  • Outro detalhe a ser discutido, segundo o presidente, é a idade mínima para aposentadoria de mulheres. Na proposta do governo enviada à Câmara, está em torno de 62 anos. Ele chegou a admitir algo em torno de 60 anos, ainda a se discutir.

Bolsonaro citou que existem algumas “gorduras que a gente possa rever”, desde que o projeto da reforma seja mantido.

Sem ‘loteamento de cargos’

Bolsonaro afirmou que está fazendo um contato com líderes partidários, mas assegurou que, para a reforma da Previdência, não vai haver o que ele chama de loteamento de cargos, ou seja, a divisão de cargos de acordo com interesses políticos.

Segundo o presidente, a divisão de cargos no governo por meio de critérios técnicos vai permanecer. Ele reafirmou que haverá negociações e discussões e até indicações de políticos – desde que sejam preenchidos os critérios técnicos para ocupação desses cargos.

Base aliada ainda está em formação

Questionado a respeito da base aliada do governo para o embate da reforma da Previdência, Bolsonaro respondeu:

“A base ainda está em formação”.
O presidente tem tido contato com os líderes partidários – inclusive isso aconteceu nesta quarta-feira (27) – e deve ir ajustando a base para a votação.

Ele afirmou que pretende ficar em Brasília durante o carnaval, fazendo contato por telefone ou corpo a corpo com os parlamentares.

Bolsonaro destacou a importância da mídia profissional

O primeiro assunto tratado por Bolsonaro no encontro com os jornalistas desta quinta, no qual se mostrou descontraído e disposto, foi a importância da mídia profissional.

E ele chegou, inclusive, a usar a seguinte expressão: “Eu estendo a mão para vocês [jornalistas] neste momento”.

O presidente disse que, antes e durante a campanha, teve muito contato com as redes sociais. Agora, porém, prefere fazer esse contato com a imprensa profissional, ressaltando a importância do trabalho dos jornalistas diante da expectativa da reforma da Previdência, que começa pela Câmara dos Deputados e depois vai para o Senado.

“Preciso da ajuda também da imprensa profissional diante da reforma da Previdência Social”, afirmou, citando o papel dos jornalistas para esclarecer o assunto tanto à população quanto aos próprios deputados e senadores.

O presidente prometeu mais contato com a imprensa profissional e se colocou à disposição.

Venezuela

Jair Bolsonaro disse que está com uma grande expectativa com relação a ajuda à Venezuela. Nesta quinta, ele recebeu o líder oposicionista Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país. Em seguida, Guaidó concedeu uma entrevista.

Na reunião com os jornalistas, Bolsonaro ouviu a seguinte pergunta: “Presidente, o senhor poderá ter um contato, falar com o Nicolás Maduro, se houver essa possibilidade?”.

Depois de pensar, Bolsonaro respondeu: “Eu posso ter um contato com o Nicolás Maduro, se ele quiser, se ele assim o desejar, desde que seja para tratar da redemocratização, da volta da democracia à Venezuela, com a instituição de eleições livres, com observação internacional e a retomada da democracia na Venezuela, com a participação ampla numa eleição”.

Ele admitiu a possibilidade de ter um contato desde que Maduro assim o deseje.

E completou: “Se até o presidente Donald Trump se encontrou com o presidente norte-coreano, por que eu não posso falar com Nicolás Maduro, se for do interesse da Venezuela e do interesse do povo brasileiro?”.

Bolsonaro demonstrou preocupação com a questão da fronteira entre Brasil e Venezuela, fechada por ordem de Maduro na semana passada, e disse que vai manter essa expectativa.
O Brasil está entre os países que não reconhecem a legitimidade de Maduro como presidente da Venezuela.

Transferência de embaixada em Israel não está decidida

Outro ponto abordado pelo presidente foi a transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Sabe-se que houve a definição do governo americano sobre essa transferência. E, diante de uma fala de Bolsonaro de que poderia adotar a mesma linha, houve muita polêmica em Brasília, nos meios diplomáticos.

Nesta quinta, Bolsonaro afirmou que a questão não está definida. Disse que ainda está em estudo, porque existem outros fatores envolvidos, inclusive questões comerciais.

A própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, segundo o presidente, teria lhe falado sobre questões que envolvem outros países – por exemplo, do mundo árabe – na negociação.

Portanto, a transferência da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém ainda é uma possibilidade não acertada, segundo ele. Mas também não está descartada.

Pediu a Carlos que vá mais devagar nas redes sociais

O último tema do encontro no café com o presidente Jair Bolsonaro surgiu quando alguns dos jornalistas presentes perguntaram: “Mas e a questão das redes sociais?”.

Sabe-se que um dos filhos do presidente, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, é um ativo participante das redes sociais. Jair Bolsonaro disse que tem uma boa relação com os filhos, que ele os recebe em Brasília e que inclusive alguns deles não frequentam tanto quanto ele queria. O motivo, segundo ele, são as responsabilidades de todos e do próprio presidente.

No entanto, Bolsonaro disse ter pedido a Carlos que vá mais devagar nas redes sociais. O presidente afirmou ainda que ele próprio vai fazer o que chamou de mediação dos conteúdos publicados nas redes sociais em relação a ele próprio.

Essas redes sociais, disse o presidente serão usadas – como chegou a sugerir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia – no convencimento dos parlamentares e da população sobre a reforma da Previdência.

Fonte: G1
Créditos: G1