Por conceito, bem-sucedido é algo ou alguém que obteve êxito naquilo que se propôs a fazer.
Dito isso, não caberia aspas ou qualquer outra forma de ironia para se referir à reforma trabalhista proposta no governo Temer e aprovada pelos nossos “excelentes”, aqui sim com aspas, parlamentares.
Ainda que sob uma espécie de manto sagrado de uma tal “modernização das leis trabalhistas” e da tão prometida abertura de vagas nos postos de trabalho, a reforma trabalhista jamais pretendeu reformar outra coisa senão as velhas formas de concentração de renda e acumulação de capital.
E é nesse sentido que o desmantelamento da CLT pode e deve ser considerado uma proposta que atingiu absolutamente todas as expectativas daqueles que o planejaram e que, não por coincidência, são exatamente os únicos que dele se beneficiaram.
Se por um lado os idiotas úteis que tanto defenderam essa reforma se veem às voltas para entender o que pode ter dado errado na miraculosa fórmula mágica de suprimir direitos dos trabalhadores, por outro, o grande empresariado nacional comemora aliviado a compensação das perdas provocadas por uma economia que simplesmente não decola com a garantia de impunidade na violação de direitos trabalhistas aliada ao achatamento de salários de seus funcionários.
E como contra dados e fatos não há argumentos, nada poderia ser mais didático do que os números recém-divulgados tanto pelo IBGE quanto pela Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Pelo IBGE, observa-se que um ano e três meses após ter entrado em vigor, os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que o número de desempregados no país subiu 2,6% em relação ao último trimestre alcançando 12% em média, o que representa nada menos do que 12,7 milhões de pessoas sem emprego.
Já a FGV nos brinda com o relatório que demonstra que a desigualdade de renda no Brasil avançou em 2018 e atingiu o seu pior patamar desde 2012.
Ainda segundo esse relatório, veio justamente das dificuldades no mercado de trabalho a principal causa do aumento na concentração de renda no país.
Como dito anteriormente, considerado o que se propôs a fazer, os resultados apresentados pela reforma trabalhista representam um verdadeiro sucesso para os habitantes do topo de nossa pirâmide social.
E como não se mexe em estratégias vencedoras, dos mesmos produtores da reforma trabalhista, vem aí com o mesmo discurso de “combate aos privilégios”, a reforma da previdência.
Para uns poucos, o produto da economia será gigantesco, para todo o resto, caberá aproveitar as maravilhas de um governo liberal onde o mito da meritocracia embala os sonhos de uma vida digna que se por um lado nunca chega, por outro nos mantém dispostos a sempre trabalhar idolatrando num pedestal cada vez mais alto os grandes heróis do capitalismo.
A esses últimos, sucesso nessa cada vez mais longa, árdua e inglória jornada.
Fonte: DCM
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