Temer participou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de uma entrevista para a rádio e falaram sobre crises e suas experiências na Presidência. “Se começarmos com mensagens pessimistas, estamos atrapalhando não é o governo, é o Brasil”, disse. Temer afirmou, ainda, que uma crise deve ‘sair pequena de um gabinete presidencial’, o que se faz por meio do diálogo. “Especialmente com aqueles que se opõem”.
Já Fernando Henrique, ao comentar a crise, defendeu que o presidente da República deve afastar amigos e familiares da condução do governo, e atuar como “árbitro” de diferentes setores do governo. Ele disse que é “grave” quando a crise envolve diretamente o gabinete presidencial, e mais ainda quando a família do presidente está envolvida.
“Amigos, família, tudo isso é problematico para quem está no governo”, disse Fernando Henrique. “Eu sempre procurei esvaziar crise. Eu dizia que a crise entrava grande no meu gabinete, e saía pequena.”
O tucano pregou que o chefe de Estado fuja do “olho do furacão” de crises que envolvem o Executivo federal e evite manifestar preferências por alas diferentes do governo, quando há disputas entre ministros. “Você torce no seu coração. Você tem de se conter”, aconselhou.
Michel Temer disse, ainda, que as críticas foram importantes em seu mandato para fazê-lo reavaliar posições. “Algumas pessoas chegavam e diziam: você foi mal hoje. É útil porque você se recupera. Quando todo mundo diz que você foi bem, você não se recupera”, avaliou. “Se não tiver resiliência, como se diz muito hoje, não suporta o exercício da Presidência da República”.
‘Voltar atrás’
Questionado sobre a autocrítica, Temer respondeu que é um fenômeno democrático. “A meu modo de ver, quando você recua de uma posição, não significa falta de autoridade, significa autoridade democrática. Você toma outro caminho sem prejudicar os interesses do País”.
Já Fernando Henrique enfatizou que “só gente segura (de si) volta atrás. Gente insegura não faz”. Ele também defendeu que nem todo recuo seja encarado como uma derrota para o governo. “Nem sempre é erro, às vezes voce tomou a decisão por outras razões, e acho razoável que a pessoa reveja e volte atrás.”
FHC disse ainda que, para tomar decisões, procurava opiniões fora do núcleo de governo para sentir a recepção dos temas presidenciais entre a população. “Eu procurava conversar com o motorista, com o garçom”, disse. “O presidente não pode se deixar levar pela opinião dos mais próximos, especialmente os que querem agradar.”
Fonte: Estadão
Créditos: Paulo Beraldo e Tulio Kruse