A corrupção é um entretenimento remunerado

Gilvan Freire

A expansão da economia brasileira, que coloca o país entre as cinco mais prósperas economias do mundo, traz desvantagens que as vantagens não superam, pelo menos nos primeiros momentos desse surto de crescimento vertiginoso.

É que a prosperidade da nação encontra na sociedade um fosso perturbador: a falta de uma organização social capaz de lidar bem com as mudanças implementadas pelo crescimento econômico. Enquanto a economia floresce, a população progride pouco à falta de suporte cultural e educacional. Como seria um lugar com muita riqueza e fraca base social? Pois bem, esse é o retrato do Brasil de hoje e amanha, se esse capitalismo assombroso não for capaz de criar mecanismos de resguardo e proteção do povo contra os abusos e desvios do próprio sistema econômico selvagem.

Nem se imagina ainda o desfecho dos efeitos desestruturantes das drogas na vida das pessoas contaminadas e das famílias atingidas no futuro. Será uma coisa aterradora, precisamente por causa de suas influências econômicas dentro dessa economia sem freios. Os governos nem de longe estão aparelhados para cuidar do assunto, e a sociedade está abismada com a progressão do problema. É a questão mais explosiva do Brasil, e a prosperidade econômica por si mesma não vai debelar. Ou não está cuidando disso.

Mas a corrupção disputará a primazia com as drogas entre os fenômenos perturbadores mais desestabilizantes da ordem social e da normalidade democrática, porque é o próprio crescimento desordenado da economia que financia a rede de prevaricação onde ela poderia ser mais resistente: a máquina governamental, dona de muito dinheiro, negócios-alvos e apetite pela luxúria.

Não parece desproposital a afirmação de que o setor público está podre, em todos os níveis. Vai ter de haver reação popular contra os lixões da indecência que amontoam-se dentro das organizações estatais, sob pena da população perder definitivamente o controle sobre si mesma, já que os governos estão moralmente enfermos e pervertidos e não têm vontade e autoridade para sanear nem mesmo a sua própria devassidão, quanto mais para controlar ninguém.

O RATO E O RABO. A RATOEIRA E AS VÍTIMAS

Na Paraíba, não muito diferente de muitos Estados e do país de forma geral, entramos já na faixa da indigência moral, um estágio em que as maiores autoridades responsáveis pela guarda e zelo do interesse público, deram as costas ao povo e criaram um regime de promiscuidade incentivada. Transcrevo relato de um servidor público honesto, que não está atraído pelas facilidades que o setor público oferece para quem quer ser viciado no enriquecimento ilícito, tanto quanto estimula pelo descaso a jovens serem drogados e traficantes. Depois retornaremos ao assunto com mais elementos e cobrança de providência. É uma bomba fantástica. Veja-se; sem citar o nome do denunciante:

“NÚMEROS QUE ENVERGONHAM – O Governo Estadual não pode permanecer indiferente aos vergonhosos números apresentados pela reportagem publicada no Jornal Correio da Paraíba sobre “Raio-X da Educação na Paraíba”.

Somos o pior Estado do País na conclusão do ensino médio até os 19 anos. Temos a 3ª maior taxa de analfabetismo do Nordeste, 6º maior atraso do NE. Não adianta o governo afirmar que se trata de uma estatística atrasada, que não espelha a realidade, que os dados não são verdadeiros, até porque a fonte parte do Anuário da Educação Básica de 2012. Qual a razão dessa triste realidade? A ausência de uma verdadeira política direcionada à educação de qualidade. A nossa realidade é a seguinte: Em menos de um ano de governo, nosso governante que na campanha eleitoral prometeu a valorização da educação e do magistério, agiu exatamente ao contrário, cometendo os maiores equívocos que jamais se poderia imaginar. O primeiro ato foi desmantelar a já combalida estrutura educacional, demitindo mais de 24.000 servidores prestadores de serviços. Rasgou e jogou no lixo a autonomia da UEPb. Como não bastasse, fechou quase 200 escolas estaduais deixando milhares de alunos de escolas rurais sem escola. Para piorar ainda mais, editou a Medida Provisória 193 que extinguia o PCCR do magistério, substituído pela MP 196 que não muda nada em relação à anterior. Como agravante ao sistema educacional, os desmandos têm rondado a Secretaria de Estado da Educação. O Gerente Regional da 6ª Região de Ensino (Patos) depositou em sua conta bancária particular, dinheiro público federal, teve como resposta a seguinte punição: deixou a Gerência e veio ser Assessor do atual Secretário em João Pessoa. O maior investimento na Secretaria da Educação, ocorrido entre 2011 e 2012, foi à compra de “Kit- educacional” sem licitação no valor de R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões) a uma empresa chamada G8 de São Paulo. Parte dessa dinheirama toda foi pago antes de receber o material, que ao ser entregue não correspondia ao que dizia o pedido. O Coordenador Jurídico recebeu uma ordem da CGE para suspender o pagamento, mas fez vista grossa, além de autorizar o pagamento adiantado, mandou arquivar o processo sem que tenha havido registro do processo na CGE, ou qualquer tipo de publicação dos gastos. Continua lá como se nada tivesse acontecido. Isso é uma vergonha. Em pouco mais de um ano estamos passando por três Secretários e nenhum deles tem um programa ou projeto voltado para Educação. Desafio que a SEE/PB, mostre qual seu projeto educacional. Continuaremos ostentando esses números vergonhosos, estamos fadados ao atraso. Que vergonha!