Nonato Guedes
O governador Ricardo Coutinho prepara-se para embarcar a Barcelona, na Espanha, onde vai tentar atrair investidores para a Paraíba, e viaja absolutamente seguro quanto à oficialização da candidatura de Estelizabel Bezerra a prefeita de João Pessoa pelo PSB. O governador tem pontuado, em entrevistas e conversas com interlocutores, que a judicialização do processo de escolha de candidatura no seio do partido, provocada pelo atual prefeito Luciano Agra, que luta para voltar ao páreo, não terá maiores consequências do ponto de vista de alteração do ‘status quo’. O seu entendimento é o de que o antigo parceiro Luciano Agra, com quem dividiu momentos marcantes na fase política paraibana recente, chegou tarde e de forma equivocada, quando as opções já estão delineadas. “O PSB não poderia ficar órfão de candidatura”, explica.
Para o governador, criou-se um vácuo com a desistência protagonizada por Luciano Agra em janeiro deste ano, não cabendo outra alternativa à agremiação senão preencher os espaços vazios. A opção por Estelizabel, garante ele, se deu de forma democrática. Com isto, ele nega, taxativamente, que tenha imposto o nome da ex-secretária do Planejamento do ‘bolso do colete’ para mera homologação pelos filiados. Recapitulou a trajetória de engajamento de Estelizabel nos movimentos sociais e nas políticas públicas de interesse da população. Chega a insinuar que os adversários temem confrontar-se com a pré-candidata, dando a entender que ela dispõe de um discurso convincente, enquanto candidatos que estão se lançando já tiveram sua oportunidade e não deixaram um saldo positivo ou marcante de realizações.
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Os alvos principais da catilinária de Coutinho são, naturalmente, o ex-governador José Maranhão, que vai postular a prefeitura pelo PMDB, e o senador Cícero Lucena, que monta estrutura dentro do PSDB para participar da competição. No que diz respeito à pretensão de Luciano Agra de retornar ao páreo, o governador avalia que a estratégia foi errada. Considera que o ‘vai e vem’ do prefeito, ora desistindo, ora insinuando o retorno, criou um desgaste para ele mesmo, além de gerar insegurança junto ao eleitor. No quesito “preparo” ou “competência”, o chefe do Executivo tem convicção plena de que Estelizabel está acima de Luciano Agra e vai surpreender o eleitorado com as propostas inovadoras que idealiza para manter o processo de transformação a que a capital teria sido submetida.
Há um nítido sentimento de decepção do governador para com as atitudes tomadas pelo prefeito Luciano Agra. É um julgamento diferente do que ele faz sobre a pré-candidatura do jornalista Nonato Bandeira, seu ex-secretário de Comunicação na prefeitura e no governo do Estado. Embora tenha dito, pessoalmente, a Bandeira, que sua postulação e inviável e não contribui para somar em favor do projeto de poder empalmado pelo governo estadual, RC respeita o direito do ex-auxiliar de se testar nas urnas, embora preveja desvantagem pela falta de estrutura que ele demonstra para o confronto acirrado que se desenha. Não descarta a possibilidade de retomar, lá na frente, o convívio com Nonato Bandeira, passadas as cinzas da disputa, mas vai concentrar todas as energias na eleição de Estelizabel. O governador deverá permanecer uma semana fora do Estado e o cargo passa a ser exercido pelo vice Rômulo Gouveia (PSD).
