Um filme de terror tão brasileiro que explora o universo místico do estado do Espírito Santo. Essa é a ideia em torno de “A Mata Negra”, em cartaz nos cinemas, e que dá medo de verdade juntando causos, regionalismos e folclore brasileiro. O longa é dirigido por Rodrigo Aragão, que conseguiu durante a carreira incorporar a cultura popular ao terror.
Na trama, uma jovem sonhadora chamada Clara encontra o Livro Perdido do Cipriano e vê no valioso objeto uma maneira de trazer o rapaz que ama de volta à vida. Na cultura popular, o Livro de São Cipriano teoricamente contém diversos rituais de ocultismo e magia negra, tendo sido publicado pela primeira vez no final do século 19. Porém, ter em mãos uma obra tão importante tem um preço, e um demônio é libertado através do poder da obra.
“A cultura brasileira, o imaginário popular brasileiro, é muito rico em criaturas mágicas e fantásticas. Mas esse imaginário foi pouco escrito, ele é muito pela forma oral. Com certeza, se a gente viesse usando esse tipo de material há mais tempo, já teríamos feitos clássicos mundiais no cinema fantástico”, analisou o cineasta em uma entrevista ao UOL em maio deste ano.
Conhecido por “Mar Negro”, “As Fábulas Negras” e “A Noite dos Chupacabras”, Rodrigo Aragão faz “A Mata Negra” um projeto mais equilibrado do que seus filmes anteriores. Há ainda muito sangue e momentos que os fãs do subgênero gore vão se identificar, mas todos são bem planejados para não quebrar o ritmo e acabar escorregando no pastelão.
O elenco é centrado em nomes ainda desconhecidos pelo grande público, com destaque para a protagonista Carol Aragão, mas também introduz atores consagrados da dramaturgia e do cinema brasileiro, caso de Jackson Antunes, que faz uma participação especial no filme como um religioso hipócrita.
O cuidado com a maquiagem usada impressiona também, lembrando em alguns momentos os trabalhos de Guillermo del Toro, diretor de filmes com monstros e criaturas fantásticas como “A Forma da Água” e “O Labirinto do Fauno”. A produção caprichou na caracterização dos personagens, e é realmente divertido ver um demônio bem construído percorrendo as florestas brasileiras.
“O público brasileiro é apaixonado por terror, e bilheterias como de ‘Annabelle’ e ‘It: A Coisa’ provam isso, mas nunca tivemos uma grande bilheteria de terror nacional. Está faltando emplacar um sucesso para mostrar ao público que dá para fazer um bom filme brasileiro de terror”, disse o diretor.
Um filme como “A Mata Negra” aparecer em cartaz é importante para que os fãs dos filmes de terror de Hollywood também possam voltar os olhos ao cinema nacional. O trabalho de Aragão é uma verdadeira homenagem às histórias populares que ouvimos desde criança e que permaneceram na nossa cultura.
Fonte: UOL
Créditos: UOL