O Globo revelou nesta quinta-feira (6), em reportagem de Renata Mariz, uma discussão que ocorreu na madrugada, em um grupo de WhatsApp, entre a deputada eleita Joice Hasselmann e o deputado federal e senador eleito, Major Olímpio. Os dois são do PSL-SP e apoiadores ferrenhos de Jair Bolsonaro, do mesmo partido.
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também participou da briga. Eduardo entrou na discussão e revelou o plano do pai para influenciar na disputa pela presidência da Câmara.
O filho do presidente eleito entrou na discussão após uma troca de acusações entre Joice Hasselmann e Major Olímpio. Eduardo afirmou aos integrantes do grupo que recebeu ordens do pai para conduzir articulações na Câmara apenas nos bastidores, de modo a não irritar o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
CRISE BOLSONARISTA: Eduardo Bolsonaro desautoriza ‘deputados eleitos’
“O PSL está fora das articulações? Estou fazendo o que com o líder do PR agora? Ocorre que eu não preciso e nem posso ficar falando aos quatro cantos o que ando fazendo por ordem do presidente. Se eu botar a cara publicamente, o Maia pode acelerar as pautas bombas do futuro governo. Por isso, quem tem feito mais essa parte é o delegado Waldir no plenário e o Onyx via líderes partidários”, declara Eduardo Bolsonaro.
A Fórum apurou que entre os deputados que participam do grupo a suspeita é de que o vazamento foi realizado pela deputada eleita Joice Hasselmann.
O conteúdo da briga declarada no grupo de WhatsApp demonstra que está havendo uma verdadeira “guerra” dentro do PSL por cargos e por poder, que tem grandes chances de provocar uma grave crise na escolha tanto da liderança quanto em relação à votação do futuro presidente da Câmara.
“Linha da miséria”
No grupo que leva o nome de “Bancada PSL 2019”, Joice afirma que o PSL tem articulação política “abaixo da linha da miséria” e se posiciona como quem está atuando para melhorar o diálogo com os políticos no Parlamento.
Em um dos trechos, o Major Olímpio diz: “O presidente se reuniu comigo e com o delegado Waldir por sermos veteranos, para ajustarmos a interlocução na Câmara e no Senado (…) Nenhum de nós quatro pedimos articulador para nos representar, ao contrário, se assim acontecer, será desconsideração conosco. Tanto Waldir quanto eu recebemos as orientações do presidente que deixou bem claro que não tem nada definido para liderança de nada e que o partido lutasse pelos espaços”, revela.
“Interessante que hoje, no Senado, ouvi a seguinte frase de cinco senadores: ‘Não temos interlocução nenhuma com o governo e com o PSL no Senado’ e me pediram ajuda”, disse Joice.
O Major Olímpio rebateu: “Os senadores que você diz que articula estão mal informados. Temos quatro senadores atuantes. Quanto ao Waldir, ele perguntou ao presidente se havia restrição em ele se colocar à liderança do partido ou do governo na Câmara e o presidente disse que não fazia restrições a ninguém”, retrucou.
Atropelo
Depois disso, Eduardo Bolsonaro critica Joice: “Salta aos olhos a intenção de Joice de ser líder e assim como já demonstrou na época de campanha ela atropela qualquer um que esteja a frente de seus objetivos pessoais. Não está pensando no Brasil como a plataforma do PSL sempre se propôs”, escreveu.
O filho do militar acusou Joice de ter atropelado o presidente do PSL em São Paulo, Major Olímpio. “Ademais, a Joice chamou uma reunião na data em que eu estava nos EUA propositalmente, para reforçar que eu estaria apenas viajando e não dando conta do partido. Assim como todos vocês, eu sigo ordens, quem acompanhou minhas viagens pelas redes sociais sabe que durmo pouco e nem turismo faço”, afirma.
“Rachados”
Em outro trecho, o filho de Bolsonaro lamenta que o PSL comece o ano conflagrado pela disputa pelo poder: “Vamos começar o ano já rachados, um olhando para o outro com desconfiança e os novos chegando cheios de dúvidas e incertezas graças a esse temor gratuito imputado nas suas cabeças”.
Joice Hasselmann rebateu, dizendo que Eduardo estaria sendo omisso nos debates do partido, estaria desinformado sobre o que se passa na sigla, e agiria de forma infantil ao mandar “recadinhos no Twitter” em vez de conversar “olho no olho” com os colegas.
“Tentei conversar com você algumas vezes para te informar o que estava acontecendo e trabalharmos em conjunto. Ontem mesmo foi o caso. Mas você marca e some”, disparou. “Se quisermos ter 52 candidaturas podemos ter e decidimos no voto e no debate, não por recadinhos infantis via Twitter”.
Fonte: Revista Forum
Créditos: Revista Forum