Vencedora da primeira Bola de Ouro feminina da história, Ada Hegerberg acabou ganhando as manchetes pelo mundo após um episódio de sexismo na entrega do prêmio, protagonizado pelo DJ Martin Solveig. No entanto, a tricampeã e maior artilheira de uma edição de Champions League feminina merece os holofotes por seus muitos feitos dentro de campo e pela defesa da igualdade de gênero – e isso com apenas 23 anos.
Sucesso desde os primeiros passos
Nascida da cidade de Sunndalsora, Hegerberg começou a brilhar no futebol muito cedo – aos 15 anos, no Kolbotn. Em 2011, Ada se tornou a jogadora mais jovem a marcar um hat-trick na história da liga norueguesa, aos 16, além de ter terminado a temporada como artilheira da equipe.
Depois de jogar mais um ano na Noruega, no Stabaek, quando terminou a temporada como artilheira do Campeonato Norueguês, Hegerberg embarcou para a Alemanha, onde atuou durante duas temporadas no Turbine Potsdam.
Lyon: ponto alto da carreira
Em 2014, chegou ao Lyon, onde viu sua carreira deslanchar. Conquistou todas quatro edições do Campeonato Francês que disputou e terminou como artilheira da competição nas três últimas edições.
O sucesso de Hegerberg no Lyon não se resumiu à liga nacional. Com a norueguesa em ação, a equipe conquistou as três últimas edições da Champions League feminina, ultrapassando o Frankfurt e alcançando o posto de time que mais venceu a competição (cinco títulos).
– Me desenvolvi muito desde que cheguei ao Lyon. Vir para cá e atuar ao lado de todas essas jogadoras de alto nível realmente me incentivou. Acho que é fácil dizer que um clube como o Lyon pode simplesmente ir lá e conquistar títulos, mas tem tanto trabalho duro por trás, todo dia no treino, no lado mental e físico – disse Hegerberg durante a entrega do Ballon d’Or.
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Na temporada 2015/2016, quando marcou 54 gols, Ada Hegerberg foi eleita pela Uefa a melhor jogadora da Europa. Além disso, no ano de 2016, ninguém marcou mais gols que a jogadora em competições da uefa – nem mesmo Cristiano Ronaldo, recordista no lado masculino.
Recordes na Champions League
Ada marcou 53 gols na última temporada, sendo 15 deles em nove jogos da Liga dos Campeões da categoria, alcançando o posto de maior goleadora em uma edição da Champions.
Além disso, a atacante é a quinta maior artilheira da Liga dos Campeões feminina, com 42 gols – a apenas nove da líder Anja Mittag. A jogadora tem chance de subir no ranking ainda nesta temporada, já que o Lyon está nas quartas de final da Champions.
Luta pela igualdade de gênero
Quando o assunto é igualdade de gênero, Ada Hegerberg transcende os serviços prestados à comunidade feminina com seu talento dentro de campo. A jogadora vem mostrando posicionamento também no discurso e nas ações.
Hegerberg tomou a decisão de não atuar pela seleção norueguesa por não concordar com a maneira como as mulheres eram tratadas no esporte do país. Em 2017, a federação norueguesa assinou um termo pela igualdade de gênero no esporte. No entanto, Ada acredita que o acordo não trouxe progresso para o profissionalismo local.
“É fácil tomar decisões difíceis quando você sabe quais são as ambições e os valores que você defende, por isso é tudo sobre permanecer fiel a si mesmo”, disse Ada à “CNN”.
A igualdade foi algo presente na vida de Hegerberg desde a infância. Junto com sua irmã Andrine, jogadora do PSG, Ada cresceu sendo encorajada pela mãe. Hoje, a jogadora usa sua visibilidade para lutar pelas meninas das próximas gerações.
– Futebol é o maior esporte para meninas na Noruega, é assim há anos, mas, ao mesmo tempo, essas meninas não têm as mesmas oportunidades que os meninos – disse ao “The Guardian”.
Com discurso alinhado à defesa de direitos iguais para homens e mulheres, Ada diz que se depara com momentos de frustração por conta do machismo, destacando que fez tantos sacríficios quanto qualquer outra pessoa para alcançar o patamar em que se encontra.
– Há situações onde você diz: “Caramba! Estamos em um mundo muito dos homens”. Pode ser uma situação do dia a dia. Como mulher em 2018, há muitas situações que devemos discutir. Mas, ao mesmo tempo, nunca olhei para mim mesma de maneira diferente do futebol masculino.
Sempre senti a mesma coisa. Trabalho duro para alcançar meus sonhos, assim como qualquer outra garota por aí. É assim que devemos olhar para isso – disse à “Associated Press”.
Fonte: Globo Esporte
Créditos: Globo Esporte