Oposição dá uma surra

Sendo verdade que a eleição este ano em João Pessoa será plebiscitária em relação a Ricardo Coutinho e ao governo dele, então Sua Majestade pode começar a rezar e a se preparar.

Como vocês poderão constatar nos números da Pesquisa Ipespe que o JP publica neste domingo, se a eleição fosse hoje o Ricardus I seria impiedosamente surrado nas urnas pela oposição.

Isso porque, somando os índices obtidos na pesquisa estimulada pelas pré-candidaturas marcadamente oposicionistas, chegamos a 53% das intenções de voto declaradas, definidas pela vontade atualizada do eleitorado.

Por pré-candidaturas marcadamente oposicionistas entendam José Maranhão, Cícero Lucena, Luciano Cartaxo, Toinho do Sopão e o Major Fábio, que pontuaram nessa pesquisa.

Já a opção dos eleitores de João Pessoa pela única pré-candidatura marcadamente ricardista que restou, ou seja, a de Estelizabel Bezerra, essa alcança modestos ou decepcionantes 5%, a depender do ponto de vista.

Da pecha de ricardistas estão excluídas atualmente, obviamente, os nomes de Luciano Agra, Nonato Bandeira e Geraldo Amorim. Juntos, somam 13% das intenções de voto, que não podem ser mais anotadas na cartela do governador.

2º turno e rejeição

Pior para o governador é quando o Ipespe faz as projeções para o segundo turno, a partir das intenções de voto colhidas. Em qualquer simulação, a pré-candidata ricardista leva uma pisa tremenda.

Basta ver que num hipotético segundo turno ao qual chegaria para enfrentar o petista Luciano Cartaxo, por exemplo, a socialista Estelizabel Bezerra seria derrotada por 31 a 13. Contra Cícero e Maranhão, aí vira massacre.

E se a pergunta remete à rejeição, o resultado é ainda mais incrivelmente indicador da reprovação que os eleitores devotam no momento a Ricardo Coutinho.

Digo isso porque Estelizabel conseguiu, em tão pouco tempo de vida pública e com apenas três meses de campanha, ocupar o quarto lugar na ‘preferência’ dos eleitores aos quais o Ipespe pergunta em quem eles não votariam de forma alguma.

No quesito rejeição, a pré-candidata do governador só perde mesmo para José Maranhão, Cícero Lucena e Toinho do Sopão. Os 21 por cento conquistados por ela nesse particular merecem cuidadosa análise por parte do círculo íntimo do poder.

Será que é culpa da moça ou é tudo porque ela é a candidata de Ricardo? Não deve ser culpa dela, que onde chega tem se esforçado um bocado para parecer bem diferente do seu criador, ou seja, afável, flexível e atenciosa com as pessoas.
Agra deve ficar feliz

No que compete à disputa interna no PSB, a divulgação dos números Ipespe deve aumentar a dúvida entre os socialistas se vale mesmo a pena insistir em Estelizabel ou, como diria Potinho de Veneno, permitir que Luciano Agra exerça plenamente o seu direito de ir e vir.

Afinal, o prefeito tem o dobro das intenções de voto de sua antagonista no ringue girassolaico e – parece que é vascaíno! – continua vice no campeonato dos menos rejeitados, dessa vez empatado com Luciano Cartaxo e Major Fábio. Os três têm 14% de rejeição, cada um.
Ricardismo despenca

Se a gente compara os números da Pesquisa Ipespe atual com a anterior, publicada em 20 de novembro do ano passado, aí é que se vê o quanto agravou-se a aceitação do ricardismo perante os eleitores.

Quando o Ipespe foi às ruas da Capital em 2011 para saber quem o povo pessoense queria para prefeito, Ricardo poderia computar como favoráveis a ele as intenções de voto distribuídas entre Agra, Geraldo Amorim, Bandeira e Luiz Couto.

As possíveis pré-candidaturas ricardistas alcançavam, então, até 25% das intenções de voto, a depender do cenário apresentado aos entrevistados. Mas aí, por estratégia equivocada ou excesso de mando do líder, o conjunto governista foi destroçado no correr do tempo e da luta.

Em fevereiro deste ano, Agra foi trocado por Estelizabel e passou a ser tratado como estorvo, encosto, coisa ruim; em abril, Nonato Bandeira pediu as contas do governo e passou a ser tratado ricardismo como potencial adversário.

E Geraldo Amorim, coitado, praticamente não conta. Vive desde o início dessa história na dependência do leilão a que o seu partido, o PDT, está colocado pelo presidente estadual da legenda, o federal Damião Feliciano.

Resumo da ópera, quer dizer, da pesquisa: a partir deste domingo, o que se coloca no horizonte do governador Ricardo Coutinho é algo bem mais doloroso do que as palmadas que queria aplicar na bunda do prefeito e ex-amigo Luciano Agra.