Criticada pelos fãs por ter demorado a tomar partido nas eleições deste ano, Anitta abriu o jogo sobre o presidente eleito Jair Bolsonaro no programa Tercera Voz, da TV chilena La Tercera. A cantora disse que é contra o preconceito, mas que sempre teve medo de se posicionar politicamente: “É algo que eu ainda não sei falar tão bem”.
Durante toda a campanha presidencial, a funkeira foi pressionada por seus fãs a expor sua posição. Ela evitou ao máximo falar sobre o assunto, mas em 23 de setembro, a pouco mais de uma semana do pleito, postou a hashtag #elenão (anti-Bolsonaro) e afirmou ser contra com quem prega o preconceito.
Questionada sobre política no Tercera Voz, Anitta reconheceu que o Brasil atravessa um momento complicado. “Veja bem, em meu país a situação agora está muito difícil, porque todos se colocaram de maneira muito forte nos extremos. Como se fossem água e vinho, e você precisa escolher um lado, decidir de que lado está, porque as pessoas te cobram”, disse.
“Como cantora, eu antes não colocava minha opinião política em nada. Coloquei pela primeira vez neste ano, nessa situação [da eleição presidencial]”, lembrou Anitta, que afirmou entender o motivo de ter sido cobrada por isso. “Eu acho que quando você tem uma carreira grande, quando te colocam em um lugar acima, as pessoas sempre vão te perguntar e te pressionar até o fim.”
Ela justificou que não se sente à vontade para discutir política por causa de sua infância humilde.
“Eu não tive uma educação forte no Brasil, vim de um lugar em que não havia tantas oportunidades. Se me pressionam na discussão política, eu vou dizer que não sei responder nada. Porque não entendo, estou estudando tantas outras coisas que não tive tempo de estudar política, me aprofundar no tema. Então eu sempre tive medo de me posicionar politicamente”, falou.
“Eu tinha medo de influenciar as pessoas com a minha opinião sobre um tema que, no fim das contas, eu não sei falar tão bem. E acho que essa é uma responsabilidade muito grande. Eu não entendo estratégia ou economia, não sei dizer quem é melhor para a educação ou para a economia”, justificou.
“Mas socialmente, como artista… O que aconteceu no Brasil é que ocorreu uma onda de colocações sociais, de posições a respeito da sociedade… E eu, como uma artista que representa a diferença, as minorias, não posso incentivar o público a pensar que ter pensamentos que vão contra a sociedade seja algo que devemos estimular.”
“Eu estou sempre cantando para a comunidade LGBT, então eu não posso estimular o pensamento de que é correto ter preconceitos com algo assim”, explicou a cantora sobre o que a motivou a anunciar seu posicionamento.
Anitta disse à TV chilena que não pode fugir de algumas responsabilidades sociais por causa de sua posição na mídia. “Não é possível agradar a todos. Às vezes você precisa colocar o que sente no seu coração. Sempre que faço uma música, não quero fazer só para que as pessoas escutem e dancem. Eu tento fazer com que as pessoas aprendam algo, ou que discutam e respeitem o que o outro pensa.”
Ela disse que sua música tem um papel de levantar debates. “Se eu faço um clipe e chamo uma drag queen [Pabllo Vittar, no vídeo de Sua Cara, com o DJ Major Lazer], coloco drag queens na pauta [da discussão]. Ou então se mostro minha celulite [em Vai Malandra], eu creio que só o fato de fazer isso sem que haja uma briga já é uma vitória para que haja pensamentos diferentes.”
Confira a entrevista de Anitta para o programa Tercera Voz (em espanhol). A discussão sobre política e a eleição de Jair Bolsonaro começa aos 14 minutos:
Fonte: Notícias da TV
Créditos: Notícias da TV