A entrevista coletiva concedida por Fernando Haddad muda o panorama da cena política de uma nota só, observada até agora com a transição caótica da equipe de Bolsonaro. Agora, podemos dizer: há oposição – e ela é funcional e pensante.
Mais que isso: temos uma oposição que usará os órgãos internacionais para fazer valer a democracia no Brasil.
Haddad voltou forte, sereno, ‘solto’ e legitimado pela grande votação que teve. Ele é central para se re-estabelecer algum tipo de lógica para o debate público.
Sua força também emerge do convite que recebeu do senador americano Bernie Sanders – atualmente, o político mais popular dos EUA – para encampar uma frente internacional pela democracia e que sirva de anteparo ao recrudescimento dos ultranacionalismos de extrema-direta.
Para os pessimistas de plantão, para aqueles que caminham ressabiados, minha leitura é: estamos vivíssimos.
E, talvez, as qualidades de Fernando Haddad nos sejam muito mais valiosas agora do que antes.
Porque, obviamente, teremos um processo mais longo e agonizante de luta. Nesses processos, o equilíbrio e a consistência do discurso costumam prevalecer e garantir um crescimento retórico lento, mas sólido e progressivo.
Haddad é esse elemento: ele não se ‘quebra’ facilmente. Não é explosivo (o que talvez tenha faltado na reta final das eleições). Tende a aglutinar apoios e densidade política.
O caminho está dado. E, mais uma vez, quando saímos da lama que é falar de Bolsonaro e sua falta de sentido, tudo se ilumina rapidamente.
Fonte: Brasil 247
Créditos: Gustavo Conde