Depois de um ano desaparecido, o submarino ARA (Armada da República Argentina) San Juan foi achado a 907 metros da superfície. Segundo o capitão Gabriel Attis, chefe da base naval de Mar del Plata, a embarcação foi encontrada no leito marino com o casco inteiro, mas “totalmente deformado, colapsado e implodido”, e sem “aberturas”. Parte das hélices estão enterradas, e há pedaços espalhados por um raio de 70 metros.
Autoridades confirmaram ainda que a embarcação sofreu uma implosão duas horas depois do seu último contato. A implosão ocorre quando o submarino ultrapassa o seu limite de profundidade –no caso do ARA San Juan, era de cerca de 300 metros. No caso de uma implosão, as chances de sobrevivência são praticamente nulas.
Ouvido pelo UOL, um oficial da marinha brasileira que trabalha com submarinos disse que é “pouco provável que seja possível uma retirada”.
Em Buenos Aires, o ministro Aguad expressou avaliação parecida, mas disse que “com as tecnologias de hoje, nada está descartado”. Mas uma operação de resgate precisaria ser realizada por empresa estrangeira.
No entanto, a “visibilidade bastante reduzida, somada à turbulência à salinidade” da água, dificultariam ainda mais um possível resgate, disse José Villan, chefe do Estado Maior da Marinha Argentina durante a coletiva de imprensa desta manhã. Para o oficial, “neste momento a palavra adequada para isso é prudência”.
Além dos limites técnicos, está o limite legal. “A juíza (Marta Yáñez, responsável pela investigação do incidente) é quem pode determinar em que momento se poderão remover as partes constitutivas do submarino que foram encontradas”, disse ainda Villan. “Não podemos afirmar nem negar a possibilidade”, disse.
Sob pressão dos familiares, o governo de Maurício Macri contratou a empresa norte-americana Ocean Infinity para assumir as buscas pela embarcação que havia desaparecido com 44 tripulantes. O ARA San Juan foi encontrado após dois meses de atuação da companhia, que deve receber US$ 7,5 milhões pelo trabalho, segundo afirma a imprensa argentina.
O que aconteceu
Minutos antes, o chefe da Base Naval de Mar del Plata, Gabriel González, disse a jornalistas que “o submarino sofreu uma implosão”.
“Os escombros estão espalhados por uma área de 100 por 80 metros, o que sugere que houve uma implosão já no fundo do mar”, disse Enrique Balbi, porta-voz da Marinha Argentina em entrevista coletiva. Ainda não há detalhes sobre as causas do acidente. Imagens apresentadas pelas autoridades argentinas mostram partes do submarino espalhadas –o que é consistente com uma implosão.
A localização exata do submarino é muito próxima do lugar da anomalia hidroacústica (detectada por agências internacionais em 2017). “Isso sugere, ainda sem termos certeza, que pode ter havido uma implosão, que o submarino colapsou muito perto do fundo. Os escombros estão muito próximos dentro da área”, explicou o capitão Enrique Balbi.
O ARA San Juan foi localizado pelo ponto em que devia estar passando às 10h53 de 15 de novembro de 2017, segundo cruzamento da localização com os dados disponíveis nos sistemas da marinha.
Segundo um familiar de tripulante, José Ramallo, a empresa Ocean Infinity teria dito aos familiares que a possibilidade de resgate existe e dependeria da contratação de uma nova missão de buscas.
Agora, os familiares pressionarão a Argentina para que se inicie a operação de resgate do submarino.
O submarino partiu em 13 de novembro de Ushuaia, no sul do país, e navegava em direção a Mar del Plata para um exercício de rotina. Mas perdeu contato com a base em 15 de novembro, com 44 pessoas a bordo.
Fonte: UOL
Créditos: Bruno Aragaki e Luciana Rosa