Volta Agra volta de novo

Rubens Nóbrega

Soube ontem que o governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, teria convencido o seu colega e correligionário Ricardo Coutinho a rever o veto à candidatura à reeleição do prefeito Luciano Agra, de João Pessoa.

Nosso alcaide teria recorrido ao capitão-mor para demover o nosso imperador da ideia de manter a candidatura de Estelizabel Bezerra, que não teria potencial para sequer disputar uma vaga em eventual segundo turno das eleições deste ano.

Exibindo-lhe resultados de pesquisas publicadas, não publicadas e impublicáveis, Agra teria convencido Campos de que o PSB não terá chance alguma na peleja deste ano se homologar candidatura que não seja a do atual prefeito.

A fonte que me passou essa garante que entre as pesquisas mostradas ao governador não estava uma recém encomendada por clínica oftalmológica que somente em janeiro deste ano recebeu mais de R$ 2,5 milhões da Prefeitura da Capital.

A tal pesquisa, curiosa e coincidentemente feita por um instituto que tem como dono um suposto parente do prefeito Luciano Agra, ganhou ontem espaço nobre nas redes sociais e portais dedicados ao noticiário político da Paraíba.

“Pode apostar que o Volta Agra vai voltar com força, Rubens”, garantiu-me ontem o colaborador, ele mesmo um entusiasta da candidatura do prefeito que, pelo que se vê, mantém e cumpre uma agenda digna de um candidato em plena campanha.

Voltando ou não ao páreo, fantasiosa ou não a história do encontro com o governador Eduardo Campos, o fato é que o nome de Luciano Agra ganhou peso eleitoral e simpatia em parcela considerável da classe média ‘pessoense’.

Melhor ainda para o prefeito é ver a maioria dos seus simpatizantes se lixando para denúncias que falam de coleta de lixo superfaturada, merenda escolar operada por empresa cujo dono frequenta muito mais o noticiário policial do que o empresarial…
Taí um povo que não se incomoda um tico diante das sucessivas denúncias de corrupção na administração municipal, envolvendo do Cuiá ao Jampa Digital, passando por compras de gêneros alimentícios e outros produtos com sobrepreços inimagináveis.

O problema agora, do ponto de vista interno do PSB ou do Coletivo Girassol, segundo o meu amigo agrista, seria o que fazer com Estelizabel. Não vejo problema. Um bom cargo no Estado resolve. Ela daria ótima porta-voz do Ricardus I.

Além de jornalista das melhores, pelo que soube um dos principais motivos pra ela cair nas graças de Sua Majestade seria o modo inteligente e convincente com que verbaliza a defesa da gestão ricardista e do ‘projeto’.

‘Projeto’ é o nome que os girassolaicos ortodoxos dão ao plano do governador e de seu grupo de fazer o que for preciso e mais um pouco para continuar no poder no Estado e na Prefeitura da Capital por mais quatro mandatos, pelo menos.

Denúncia contra Emlur

Recebi na sexta-feira (25) denúncia segunda a qual a Emlur, autarquia responsável pela limpeza urbana de João Pessoa, estaria desobedecendo a uma ordem judicial contra a Líder, uma das contratadas para liderar a coleta de lixo na cidade.

A ordem, expedida dia 18 deste mês pelo juiz Onaldo Queiroga, determina bloqueio e depósito em conta judicial de mais de R$ 692 mil do total que a Líder tem a receber da Emlur. O dinheiro é para indenizar clientes de uma construtora que tinha como sócio o empresário Mauro Bezerra, dono da Líder.

A acusação de que a Emlur estaria tentando favorecer o empresário partiu do advogado Eduardo Cabral, constituído por pessoas que se dizem lesadas pela construtora durante construção do prédio em que residem. Desde 2001 elas tentam na Justiça indenização por danos sofridos.

Procurado pelo colunista, Lucius Fabiani, superintendente da Emlur, disse no domingo (27) ter sido notificado da decisão judicial na terça (22) e, “tão logo tomei conhecimento da decisão, encaminhei para os setores competentes para que esta fosse cumprida imediatamente, já com o bloqueio do pagamento desse mês”.

A informação de Fabiani foi contestada ontem por Cabral. Exibindo cópia de processo administrativo aberto pela própria Emlur para atender à ordem judicial, o advogado mostra despacho de diretora que projeta o bloqueio para junho e não pra já, ou seja, ao contrário do que garantiu o superintendente e mandou o juiz.

Lula X Gilmar Mendes

Três homens – Lula, Nelson Jobim e Gilmar Mendes – conversam em privado. Só eles sabem o que conversaram. Uma (Mendes) supostamente diz a uma revista (Veja) que foi assim. Duas (Lula e Jobim), que foi assado.

Apesar disso, a oposição demotucana mais raivosa e boa parte da chamada Grande Imprensa em dia de fúria tenta impor como fato a versão de Veja, de que Lula teria pressionado Mendes a adiar o julgamento do Mensalão em troca de blindagem do ministro na CPI do Cachoeira.

Jobim, anfitrião do encontro e participante da conversa, disse enfática e peremptoriamente que a história divulgada por Veja jamais existiu. Mesmo assim, o ministro Gilmar Mendes segurou a onda da revista. Não se tem notícia, contudo, se ele desmentiu o desmentido cabal do seu ex-colega de Supremo.

Bem, de qualquer sorte ou azar, se Lula realmente assediou Gilmar Mendes deve ter sido durante um ataque de burrice. Afinal, o ministro não é relator nem revisor do processo e, portanto, não teria como decidir nem propor adiamento algum.