A declaração meio extemporânea do presidente do PMDB, senador Waldir Raupp, de que o partido está preparando candidatos para disputar a sucessão da presidente Dilma Rousseff, pode ser mais do que simplesmente uma ameaça para negociar cargos no governo.
Também é parte dessa estratégia, mas reflete uma preocupação maior, que não é só do PMDB, mas de todos os partidos aliados do governo que têm projetos políticos de mais longo prazo, como o PSB e até mesmo o futuro PSD, mal nascido e já inquieto com a disputa do poder político paulista.
A força política exagerada do governo, cooptando parte da oposição para o futuro partido do prefeito Gilberto Kassab e transformando a bancada oposicionista no Congresso na menor representação numérica de tempos recentes, certamente está provocando pensamentos estratégicos de longo prazo nas forças partidárias hoje na base aliada, que têm que buscar de um futuro sem o PT.
A facilidade com que o PT está controlando o apetite do PMDB por cargos, e a voracidade que, sob nova direção, está anunciando em praça pública, mostram que será difícil a convivência nos próximos anos de governo, ainda mais se as turbulências econÃ?micas que se anunciam começarem a colocar em risco a popularidade governista.
Merval Pereira