A diversão diária de Ivone Tavares era beber muito. Ela tinha laricas pós-bebedeira que só passavam com salgadinhos, refrigerante e chocolate e, assim, chegou aos 94 kg. Mas ela percebeu o quanto tudo isso fazia mal e decidiu emagrecer. A seguir, conta conseguiu:
“Eu sempre tive tendência a engordar e minha alimentação nunca foi tão regrada. Comia produtos industrializados, doces, frituras, fast-food, massas e não dispensava um rodízio de pizza ou carne no fim de semana. Meu maior problema, no entanto, era a bebida.
Comecei a consumir álcool bem jovem, aos 14 anos de idade, por rebeldia de adolescente. Naquela época, não tinha dinheiro, então tomava coisas baratinhas para ficar embriagada, tipo pinga com limão, e depois mantinha o estado não sóbrio com cerveja. Vivia muito louca. A minha fase mais crítica foi dos meus 33 aos 38 anos. Bebia praticamente todos os dias: em churrascos, baladas, happy hour com amigos ou em casa sozinha. Essa era minha diversão.
Às vezes, passava o fim de semana todo bebendo, fumava dois maços de cigarro por noitada e não ia trabalhar na segunda-feira.Após a ressaca, sentia muita fome, uma vontade absurda de consumir doces, muito chocolate e refrigerante. A comida caía no estômago e não me fazia bem.
Por causa do excesso de álcool e sobrepeso, era uma pessoa sedentária, não tinha disposição para fazer nada. Até tentei fazer musculação diversas vezes e corri por um tempo, mas sempre desisti de tudo. Assim, aos 38 anos, cheguei a pesar 94 kg. Minha barriga era grande e minhas roupas não me serviam mais. Usava batas largas que não marcavam e me ‘escondiam’ melhor. Isso me incomodava demais.
Eu me sentia péssima dentro daquele corpo inchado, cansado e fracassado. Era infeliz e sabia que minha aparência era reflexo dos péssimos hábitos que tinha
Não podia mais continuar daquele jeito e resolvi mudar após uma ressaca no Réveillon. No dia 30 de dezembro de 2012, comecei a beber ao meio-dia e só parei no dia 31, às 7h. Tinha combinado com uns amigos de fazer a ceia em casa. Passei mal, mas consegui preparar a comida com muito custo. Na hora da virada, fiz uma promessa: ia parar de beber, emagrecer e ter um estilo de vida saudável.
Ninguém acreditou em mim, mas, três dias depois me matriculei numa aula de muay thai. Eu me sentia inadequada por estar gorda e pesada. Achava que as pessoas iam rir de mim por causa do meu peso e pela falta de fôlego, mas segui em frente. Praticava luta de duas a três vezes por semana e aos poucos fui melhorando. Ficava com o corpo dolorido, só que me sentia maravilhosamente bem: tinha mais disposição, força e resistência.Abandonei o álcool e tabaco. No começo, sentia falta, mas resisti. Recusava os convites dos meus amigos para sair e ficava em casa. Aproveitava para cozinhar, assistir TV e ler.
Também fiz uma reeducação alimentar. Passei a comer três vezes ao dia e em quantidades menores. Evitava frituras e meu cardápio tinha muitas frutas, legumes e verduras. Só comia salgados e lanches eventualmente, em festas, e sobremesa aos sábados e domingos. Com esses novos hábitos, saí dos 94 kg para os 76 kg. Emagreci 18 kg em quatro meses.
Empolgada com os resultados do muay thai, me animei para voltar a correr. Treinando durante uma hora, três vezes por semana, em dois meses perdi mais 6 kg, chegando a 70 kg. Estabeleci como meta correr a São Silvestre daquele ano. Foi uma experiência incrível, era como se eu tivesse ganhado a medalha de ouro. Após esse desafio, disputei meias maratonas (provas de 21,097 km) e depois de participei da Maratona do Deserto do Atacama, completando o percurso de 42,195 km.Em 2016, busquei ajuda de uma nutricionista para manter meu peso estável. Ele criou um plano alimentar focado em baixo carboidrato e rico em proteínas.
Conquistei vários benefícios com meu novo estilo de vida: fiquei mais magra, meu sono melhorou e senti mais energia para fazer todas as atividades
Além da luta e da corrida, hoje malho duas vezes por semana com personal trainer. Às quartas, faço pilates, e, de fim de semana, tenho aula de surfe na praia.Em fevereiro deste ano, me tornei vegetariana e me alimento de uma forma mais intuitiva. Não sigo mais nenhuma dieta. Desenvolvi um paladar para comidas mais naturais: como tofu, cogumelo, lentilha, feijão, abóbora, abobrinha, cenoura, pimentão, queijo. Não tomo suco, refrigerante e nem leite, só água e café. Além disso, depois da promessa, nunca mais bebi cerveja.
Durante esse processo, aprendi a acreditar em mim e a ter uma força interna. Eu me achava um lixo e hoje eu me sinto poderosa, pois sou capaz de fazer as coisas acontecerem. Tornei-me influenciadora digital e tenho um blog onde escrevo sobre saúde, bem-estar e beleza. Não mudei apenas minha aparência, mas minha mente. Meu corpo é a mensagem da minha transformação de vida.”
Fonte: UOL
Créditos: UOL