Pela manhã, o suspeito avisou a filha da mulher, de 13 anos, que a companheira estava morta. “Eles foram em um forró à noite. Por volta das 2h, marido e mulher discutiram. Testemunhas contaram que os gritos só cessaram na madrugada”, ressaltou o delegado.
À filha, o homem disse que a mulher poderia ter se matado ou sido assassinada por alguém que teria entrado na residência. Mas as versões não se sustentaram.
O próprio suspeito ligou para a Polícia Militar na manhã desta segunda (5). De acordo com a sargento da PM Rosana Assis, que efetuou a prisão, o acusado acionou a corporação para ir até o local. “Chegando lá, constatamos que o ambiente do crime não condizia com o que ele falava. Alexon dizia que a mulher teria se matado.”
A sargento Rosana conta que Alexon “chorava, mas não saíam lágrimas”, e o corpo “estava mexido”. “Ela estava deitada em uma posição diferente. O local do ferimento foi limpado por ele”, afirmou.
O homem acabou detido pela policial e encaminhando para a 27ª DP. Mais tarde, durante varredura, a arma do crime, uma peixeira, foi encontrada debaixo do armário, suja de sangue e enrolada em uma camiseta. Alexon, no entanto, nega a acusação.
Denúncia
Segundo a Polícia Civil, Arlete já havia denunciado o marido por agressões. Neste ano, o acusado inclusive foi preso e enquadrado na Lei Maria da Penha. Porém, acabou liberado após passar por audiência de custódia.
Na delegacia, Alexon falou com jornalistas. “Fomos a uma festa na noite anterior. Bebi cachaça só, não usei droga”, disse. O suspeito negou o crime. “De manhã, fui até a filha dela e falei: ‘Acorda, me abraça que tua mãe tá morta’”, contou.
Questionado sobre as denúncias de moradores da quadra, sobre a discussão na madrugada, o homem respondeu: “Vizinho é tudo bicudo”. Alexon, contudo, admitiu que “brigava demais” com a mulher.
Segundo o delegado Pablo Aguiar, o homem é bastante agressivo. Contra ele constam quatro ocorrências de Maria da Penha registradas pela vítima, além de dois furtos e um roubo. Ele acredita que a mulher morreu rapidamente. “Testemunhas escutaram a briga, que de forma instantânea, acabou. Acreditamos que foi no momento em que ela levou a facada”, ressaltou o policial.
Outro caso
Até setembro deste ano, foram 22 feminicídios no DF. Na noite desse domingo (4), Maria do Livramento Alves, 35, foi internada em estado grave no Instituto Hospital de Base (IHB) após ter sido esfaqueada pelo ex-companheiro em um bar, no Paranoá. Moradores presenciaram a agressão e espancaram o acusado, identificado como João Evangelista de Souza, 39. Ele também precisou ser levado para o hospital.
Um dos golpes atingiu o rosto e pode comprometer a visão da vítima. A motivação do crime seria o fim do relacionamento. O agressor não aceitava a situação e passou a perseguir Maria Alves. O caso foi registrado na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), onde é apurado como tentativa de feminicídio e Maria da Penha. A faca utilizada no crime foi encontrada no local e apreendida por agentes da DP.
De acordo com a Polícia Civil, uma testemunha, que estava sentada no banco da Praça Central do Paranoá com amigos, viu o autor batendo na vítima e a jogando no chão. Logo em seguida, com a mulher deitada na pista, o homem começou a esfaqueá-la.
Ainda de acordo com o relato, o morador viu o homem dando ao menos 10 facadas na ex-companheira: no olho, braço, peito e nas costas. Após o ataque, ele se levantou e saiu correndo pela Avenida do Paranoá, mas foi alcançado por populares e agredido.