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Moro foi convidado para ministério ainda na campanha, diz Mourão

Responsável pela Operação Lava Jato, Moro tirou o sigilo de parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci que cita o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva a menos de uma semana do primeiro turno eleitoral

 

Atualizada às 2h de quinta-feira – O juiz federal Sergio Moro foi convidado durante a campanha eleitoral pelo economista Paulo Guedes para participar do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL), segundo o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB). Moro se reunirá na manhã desta quinta-feira com Bolsonaro e Mourão para discutir sua eventual participação no governo, no comando do Ministério da Justiça, que será fundido com o Ministério da Segurança.

Responsável pela Operação Lava Jato, Moro tirou o sigilo de parte da delação do ex-ministro Antonio Palocci que cita o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva a menos de uma semana do primeiro turno eleitoral.

“Isso (o convite) já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”, disse Mourão nesta quarta-feira, ao falar sobre o convite a Moro, detalhando que o contato foi feito por Guedes, futuro ministro da Economia (atual Fazenda).

A reunião de Moro com Bolsonaro e Mourão será na casa do presidente eleito, em um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio.

No domingo, a mulher de Moro, a advogada Rosangela, comemorou a vitória de Bolsonaro. A advogada afirmou no Instagram que estava feliz e colocou uma imagem do Cristo Redentor e o número 17, de Bolsonaro. Postou ainda uma bandeira do Brasil com a frase “sob nova direção”.

Estrutura dos ministérios

Mourão afirmou que o futuro governo deve ter até 17 ministérios. Destes, 15 já estão definidos e pelo menos quatro deles serão comandados por militares: em Ciência e Tecnologia ficará o tenente-coronel da reserva Marcos Pontes: em Defesa o general Heleno; em Infraestrutura e Transportes deve ser indicado o general Oswaldo Ferreira e um representante das Forças Armadas ficará no Gabinete de Segurança Institucional.

O general, no entanto, descartou a participação de militares no comando das estatais como a Petrobras. “Tira os militares daí, tira essas castanhas do fogo. Quem vai assumir as estatais, aquelas que ficarem, são quadros técnicos, o pessoal de mercado, gente competente.”

Mourão não vai participar de nenhum ministério, mas afirmou que lhe agrada a ideia de comandar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Elefante na sala

O vice-presidente demonstrou o desconforto de aliados de Bolsonaro têm com a tentativa do senador Magno Malta de tentar participar do futuro governo e disse que o parlamentar é uma espécie de “elefante na sala. Derrotado na eleição deste ano, na tentativa de se reeleger, Malta tem dito que gostaria de comandar o Ministério do Desenvolvimento Social.

“Ele desistiu de ser vice do Bolsonaro para dizer que ia ganhar a eleição para senador lá no Espírito Santo. Agora ele é um elefante que está colocado no meio da sala e tem que arrumar, né?  É um camelo… Tem que criar um deserto para esse camelo”, afirmou, em entrevista nesta quarta-feira, no Clube Militar, no Rio. Presidente da entidade, Mourão deve se desligar do cargo no dia 10.

Previdência

O vice-presidente eleito defendeu a aprovação da reforma da Previdência o mais rápido possível, maa afirmou que o Congresso atual pode não votar neste ano. “Se a gente passar essa reforma, o avião ele vai voar mais lá para frente. E aí a gente tem tempo de trocar o motor com ele voando”, afirmou.

“Nós vamos fazer uma coisa que, na linguagem paraquedista, se chama cheirar o vento. Quem está encarregado de fazer isso é o Onyx [Lorenzoni, coordenador da equipe de transição] e o próprio Bolsonaro”, disse.

Na terça-feira, o presidente eleito irá a Brasília para tratar da transição e da proposta de reforma da Previdência, entre outros temas relacionados ao futuro governo.

O general defendeu que os militares não sejam incluídos na reforma da Previdência.

Comunicação

Pivô de declarações polêmicas nas eleições, como a crítica ao 13 salário, Mourão disse que a comunicação da equipe de Bolsonaro é ruim.

“Ruim é até um elogio. É ruim. Eu vou arrumar alguém que faça uma comunicação decente, nós temos que arrumar alguém”, disse. Nem a campanha nem a equipe de transição têm um assessor de comunicação. “Em primeiro lugar: não se pode tratar a imprensa como inimiga em hipótese alguma.”

Fonte: Exame
Créditos: Exame