A retórica da virtude e da superioridade moral da esquerda refletiu no resultado da eleição do domingo e impede que ela se transforme em uma nova esquerda. Essa é a análise feita por Fernando Schüler, cientista político e professor do Insper, em São Paulo.
Para ele, o discurso da intolerância na esquerda vem travestido de uma soberba e ares de superioridade que fazem com que parte da população se sinta excluída culturalmente pela elite política e cultural. A “falta de diálogo” com esses setores, como disse Mano Brown em um comício de Fernando Haddad, e que Schüler chama de “falta de conexão”, é o grande problema da esquerda brasileira hoje.
“A retórica de que o outro lado é inominável, o outro lado é o coiso, o outro lado é o fascista. O próprio fato de eu não nominar o outro, de chamar o outro de inominável significa que de alguma maneira ele não deveria existir, que não é digno de ter seu nome mencionado. Isso não é compatível com a democracia. A democracia supõe uma liturgia e se você não entender isso, você transforma a democracia em uma guerra”, afirma.
Para Schüler, a intolerância foi elemento comum nas duas campanhas do segundo turno da eleição. O que muda, diz, é a forma estética como isso se apresentou à sociedade – uma excluindo, a outra incluindo a parte que se sente excluída. “O politicamente correto acaba sendo uma forma cultural de exclusão, porque é a linguagem da elite cultural, da elite da classe média. Sem fazer juízo de valor, ele gera um brutal sentimento de exclusão”, reflete.
“Do lado do Bolsonaro, isso está num nível menos retórico, menos elaborado, menos sofisticado. É como se de um lado você ouvisse um palavrão e do outro lado você ouvisse um textão. Um lado é mais vulgar, é mais agressivo. O outro lado é mais soberbo, é uma intolerância mais refinada, que chama o outro de fascista, coiso, inominável. Mas os dois expressam intolerância”.
O analista não aposta em uma reflexão da esquerda sobre sua postura e propostas, considerada por ele, da década de 1990. A partir de agora é muito provável que o PT “jogue parado”, sem uma auto-reflexão, renovação e reciclagem, mantendo essa desconexão com a população e apostando em uma crise do novo governo. Leia a entrevista a seguir:
Carta Capital: O que o resultado das urnas revela sobre a sociedade brasileira e sobre os partidos atuais?
Fernando Schüler: Acho que temos uma democracia mais complexa no Brasil, no sentido que ela é mais capaz de representar o sentimento da sociedade. Durante 20 anos a política brasileira foi polarizada entre PT e PSDB basicamente, duas expressões na nossa social-democracia, lato sensu, versões diferentes.
Há hoje uma base muito forte na sociedade, uma parcela ampla da sociedade que se identifica com o chamado “conservadorismo cultural”, há uma presença muito forte de população evangélica – e aqui faço questão de dizer com total legitimidade, não estou entrando no mérito das opções das pessoas, mas no fato de se ter isso. Não à toa, Bolsonaro iniciou seu discurso, no domingo com uma oração, com uma menção à Bíblia. Quer dizer, a religião nessa campanha teve um papel muito forte e possivelmente o discurso religioso terá um papel muito forte na fundamentação do discurso, na retórica do presidente Bolsonaro. Isso é um dado novo. Sempre tivemos uma bancada evangélica forte no Congresso e o Brasil tem uma ampla base da população religiosa distribuída em diversas nominações, mas isso nunca teve uma expressão majoritária na política brasileira.
O candidato Bolsonaro foi o primeiro que expressou claramente essa parcela da população identificada com o “conservadorismo de costumes”, mas isso não explica tudo. Existem outros fatores. Acho que houve uma perda de hegemonia cultural por parte da esquerda na sociedade. O PT, em grande medida, se tornou um partido do Nordeste. Além de ter eleito quatro governadores ali, foi a única região em que ganhou a eleição.
CC: O que significa essa perda da
FS: Quando as ideias de um partido político perdem hegemonia na classe média, na classe mais urbana, nos setores que têm mais informação, é um reflexo de que a ideias de alguma maneira envelheceram, as ideias perderam a conexão com a sociedade.
A política é feita de ciclos, muitas vezes um partido político ocupa espaço do poder e se acomoda, se adequa ao Estado, acaba refletindo interesses de corporações, se alia aos mais diversos interesses. Isso tudo leva a um descolamento total da sociedade.
A sociedade primeiramente observa de maneira silenciosa, depois começa a criar anticorpos, aí você tem uma organização difusa de uma resistência na sociedade… então junta a internet e as redes sociais. O movimento de 2013 foi isso. Surgiu primeiro de uma maneira desordenada, mas depois passam a ter uma certa organicidade. São esses que lideram o processo de impeachment. Movimentos como o Vem Pra Rua e o MBL, por exemplo, nascem dessa nova configuração da política. Quer dizer, de mais pró-mercado ou mais conservador no sentido cultural. Nascem contra o sistema, independente dos partidos e isso dá a esses movimentos uma força extraordinária de conexão a sociedade. Tudo isso, digamos assim, leva a um processo de polarização na sociedade.
CC: O processo decisório eleitoral da população brasileiro se baseou muito mais no emocional do que na racionalidade?
FS: Não tenho dúvidas. Nós vemos nas grandes democracias uma nova realidade. Temos milhões de pessoas participando da política, opinando através da internet e redes sociais. As pessoas trazem para a política uma pauta diferente, que não é aquela que as instituições priorizavam. Elas estão muito mais interessadas em discutir porte de arma, aborto e ideologia de gênero. Isso toca as toca mais, emociona e mobiliza mais do que a discussão sobre o déficit público no País, ou sobre como lidar com a PEC do teto de gastos e a reforma da previdência. Isso faz com que a temática cultural assuma protagonismo na democracia. E aí um partido frio, meio tecnocrata como o PSDB perde muita atratividade. Não é apenas uma crise da esquerda. É uma crise do sistema político tradicional.
CC: Uma crise de hegemonia da esquerda?
FS: Quando falo da crise de hegemonia da esquerda não é de um ou de outro partido da esquerda, é do pensamento genericamente associado a esquerda. Bem ou mal a esquerda acabou se confundido com o Estado do Brasil, com corporações públicas, com a retórica dos direitos, uma ideia contra a reforma da Previdência, contra a reforma trabalhista, contra a modernização do Estado. Isso acabou dando uma cara meio velha para a esquerda.
Uma mensagem que diz “vamos desburocratizar, vamos apoiar o empreendedorismo” atrai e foi visto no discurso de vitória do Bolsonaro.
A minha impressão é que é muito difícil para esquerda entender tudo isso e fazer uma autocrítica. Isso significa caminhar muito para uma social-democracia. Nessa última década e meia houve uma mudança enorme na sociedade brasileira. A ascensão de uma nova classe média, a revolução tecnológica na internet trazendo muito mais informação, a qualidade do serviço público deteriorada. Tivemos também uma crise brutal nos últimos anos da Segurança Pública. Então a sociedade se tornou mais crítica em relação ao Estado, ela acredita menos no Estado e isso em grande medida explica um fato real: a sociedade tem uma perspectiva muito dividida, mais pró-mercado. Há dez anos nenhum político brasileiro que concorria à Presidência falaria a palavra privatização. Hoje em dia a palavra privatização virou elogio. João Doria se elegeu prefeito de São Paulo em 2016 em cima dessa bandeira.
A cultura política brasileira mudou e não entro no mérito se mudou para bem ou para o mal. Todos os partidos deveriam raciocinar sobre isso, fazer autocríticas rever programas. Talvez seja o momento, depois da eleição, para isso.
CC: Você disse que a democracia brasileira ficou mais complexa.
FS: Sim. E a democracia digital veio para ficar. E a democracia vai ser, doravante, mais barulhenta e mais polarizada. Não vejo como mudar isso. Isso traz para dentro da política uma série de consequências. Alguma delas: uma retórica do exagero, um primado do emocionalismo porque as pessoas se manifestam sem o filtro das instituições.
Qual é o papel histórico das instituições na democracia – partidos, sindicatos, parlamento, mídia profissional? É fazer o filtro. Hoje em dia as pessoas se expressam sem essa de apuração que as instituições faziam. Quer dizer, as pessoas colocam a sua raiva, suas paixões, seus preconceitos. Elas se transformaram, na democracia digital, em torcedores. Elas agem como torcida, elas aderem, elas choram e vibram.
A democracia digital tem outra característica, perversa na minha visão, que é a tribalização. As pessoas excluem quem discorda e acaba se comunicando com quem apenas comungam das mesmas ideias. Assim, a sociedade fica dividida em bolhas e isso leva a uma radicalização.
Nesta eleição foi claro que se tinha uma enorme bolha com pessoas que pensavam que o mais importante era derrotar uma organização criminosa que queria voltar ao poder, e na outra bolha eram pessoas que tentavam salvar o País da ditadura que viria com Jair Bolsonaro. As duas bolhas obviamente são irracionais. Nenhuma retórica dessas corresponde à realidade. As duas são exagero. Trata-se da retórica do exagero, da vitimização, do nós contra eles, a retórica do medo, do amigo inimigo. Numa democracia não se tem inimigos, se tem adversários.
CC: Na sua opinião, como foi a campanha do PT e do Haddad? Se houve equívocos, quais foram os do PT e quais foram do Fernando Haddad no pleito?
FS: O PT, no ponto de vista de estratégia eleitoral, acertou. Ele se saiu até bem das eleições considerando as circunstâncias. O partido soube fazer bem a transferência de votos para o Haddad, soube conduzir essa dramatização no entorno na prisão do presidente Lula e na sua tentativa de ser candidato até onde era possível. Acho que Haddad não cometeu nenhum erro significativo que eu possa analisar. Dentro das circunstâncias, foi o melhor candidato que o PT poderia ter. Ele agiu com moderação, ele buscou apoios. Houve alguns momentos de estridência e mais duros, mas foi uma campanha polarizada, por isso, dentro dos limites ele fez o possível.
Haddad teve uma vacilação na noite da derrota. Ele deveria ter ligado [para Jair Bolsonaro]. Ele, como professor, poderia ter dado uma aula e ter dito: “Eu sei que a campanha foi polarizada, que o momento é difícil, mas a democracia tem uma liturgia que nós prezamos”. Ficou mal. Há um momento que não basta falar para a militância, tem que falar para o País. Esse exemplo é simbólico da crise da esquerda. E mostra como o Mano Brown tinha razão no discurso que fez no comício de Haddad, sobre como a esquerda perde contato com a sociedade e fala para ela mesma, fala para os convertidos.
Para mim, naquela noite Haddad deveria ter se lembrado de Barack Obama, da enorme capacidade que Obama teve de sempre se colocar como o presidente do País, sempre com aquelas frases: “não existe estados vermelhos nem estados azuis”, “não existe América negra e América branca”. Tudo isso custou muito para ele, mas no final o marcou como um grande estadista. Faltou essa grandeza no Haddad. Mas ele refletiu e no dia seguinte fez uma comunicação via internet, não sei se resolveu ou não, mas eu prefiro o Fernando Haddad de segunda-feira do que o de domingo.
CC: Você acha que ele não se viu como uma futura liderança política?
FS: Haddad é uma nova liderança positiva da esquerda brasileira, que traz novos elementos. Ele tem uma retórica democrática muito clara, é de uma nova geração. Mas ele continua com os defeitos que aponto na própria esquerda e no PT, de não dialogar com a população.
CC: Ele se mantém vinculado a isso?
FS: Sim, ele continua com esse ranço, que vou chamar de retórica da virtude, retórica da superioridade moral. A retórica de que o outro lado é inominável, o outro lado é o coiso, o outro lado é o fascista. De que quem pensa diferente de mim é o fascista. Vou chamar de retórica de Márcia Tiburi, quer dizer: todo mundo que discorda de mim é fascista e eu faço exatamente aquilo que eu condeno no meu livro.
É como se de uma hora para outra surgisse milhões de fascistas no Brasil, que só o conjunto de ideia que eu defendo é legítima na democracia. O próprio fato de eu não nominar o outro, de chamar o outro de inominável significa que de alguma maneira ele não deveria existir, que não é digno de ter seu nome mencionado. Isso não é compatível com a democracia. A democracia supõe uma liturgia e se você não entender isso, você transforma a democracia em uma guerra. E a guerra é o fim da democracia.
Óbvio que isso exige toda uma revolução do pessoal da esquerda e que eu acho que a esquerda não está disposta a fazer. A esquerda vai muito mais na linha do Boulos, que é uma espécie de encarnação viva da teoria da virtude, da superioridade, com o dedo na cara, da intolerância retórica, esse senso de superioridade moral de que ninguém presta. Essa cultura é absolutamente incompatível com a democracia. Mas vamos deixar claro que em grande medida do outro lado também tem há isso. Na base do Bolsonaro existe autoritarismo, existe intolerância.
Do lado do Bolsonaro isso está num nível menos retórico, menos elaborado, menos sofisticado. É como se de um lado você ouvisse um palavrão e do outro lado você ouvisse um textão. Um lado é mais vulgar, é mais agressivo. O outro lado é mais soberbo, é uma intolerância mais refinada, que chama o outro de fascista, coiso, inominável. Mas os dois expressam intolerância.
“O politicamente correto acaba sendo uma forma cultural de exclusão, porque ele é a linguagem da elite cultural, da elite da classe média.
CC: Então há elementos comuns nas duas campanhas?
FS: Não tenho dúvida, não é à toa que estamos em uma democracia polarizada. Num processo de mútua exclusão. Isso é clássico na democracia contemporânea que genericamente chama de” política de identidade” de um lado, e “conservadorismo cultural” de outro. Você tem a retórica do politicamente correto de um lado e do politicamente incorreto do outro.
O veto de parte da classe média a Bolsonaro vinha muito da sua vulgaridade, das frases de mau gosto, do seu conjunto grande de preconceitos que se expressam muito mais no tom estético, no tom de voz, nas frases, nas expressões, no humor, nas piadas de mal gosto.
O politicamente correto acaba sendo uma forma cultural de exclusão, porque ele é a linguagem da elite cultural, da elite da classe média. Não faço juízo de valor, mas o fato é que ele gera um brutal sentimento de exclusão. Isso aconteceu com o Trump nos Estados Unidos. Há estudos sociológicos imensos que mostram como parte da sociedade se sente excluída culturalmente pela elite política e cultural.
CC: Você acredita que a saída do Haddad do PT seria um bom caminho?
FS: Não. Não faria nenhum sentido. Haddad é uma liderança dentro de um sistema e dificilmente seria um líder fora desse contexto. Não o vejo como uma liderança pública, como tendo uma parcela ampla da sociedade com a qual ele tenha uma lealdade pessoal. Ele não é um tipo de líder carismático, personalista como é o Bolsonaro e como é de alguma maneira o presidente Lula, com histórias muito diferentes, claro.
Acho que o Haddad é um político institucional, moderno, que consegue conversar com pessoas que pensam diferente dele. Agora ele funciona dentro desse conjunto do PT, de levar o partido a uma retórica bem mais positiva que a das velhas lideranças do partido.
O problema é que ele não tem força e nem sei se tem vontade de fazer uma revisão mais profunda.
CC: Você vê a perspectiva do surgimento de uma nova esquerda brasileira?
FS: Nós tivemos uma grande janela de oportunidade com Eduardo Campos. Ele realmente representou no Brasil uma tentativa sólida e consistente de renovação do pensamento de esquerda. Tivemos outra na figura do Paulo Hartung, em Espírito Santo, que é um homem que veio da esquerda e passou por todo um processo. Acho que tivemos um ensaio disso no primeiro governo Lula, com a equipe econômica do Palocci e quando foi feito uma minirreforma da previdência.
A esquerda, para realmente voltar à relevância, precisa sair do gueto e acho que essa é a cabeça do Haddad, de conversar com outros setores.
CC: Então a figura do Haddad é mais moderna, mas o PT barra isso?
FS: Não vejo movimentos do PT nos últimos anos por uma renovação. O programa original que o PT apresentou no primeiro turno é um programa dos anos 90: fim da PEC do teto de gastos, revogação da reforma trabalhista, regulação da mídia. Isso é um programa antigo da esquerda e não consigo ver renovação nisso.
CC: O Haddad sucumbirá ao PT ou ele consegue sair dessa retórica que você descreve?
FS: Esse é o dilema que o Fernando Haddad tem a partir de agora. Para mim essa ambivalência da noite de domingo para a manhã de segunda-feira tem um simbolismo. Reconhecer a regra do jogo democrático ou não? Jogar o jogo na grande política ou permanecer como partido ideológico, meio hegemonista?
Por exemplo: o PT vai assumir o conceito de responsabilidade fiscal ou não? Se o PT fosse eleito ele não teria que fazer uma reforma da previdência? O Lula fez uma reforma da presidência e os sindicatos foram totalmente contra a ele. Claro que com a habilidade que ele tem, ele conseguiu compor depois. Mas de lá surgiu um novo partido que foi o PSOL que era contra a reforma.
Se o PT quando estava no poder entendia a necessidade da responsabilidade fiscal e de reformas, como o da previdência, porque isso não pode entrar no ideário da esquerda? A esquerda só consegue ser razoável quando está no poder em certas circunstâncias? Por que o Lula traz o Henrique Meirelles para ser o presidente do Banco Central? Essas são as verdadeiras perguntas que devem ser feitas.
Haddad tem diante de si uma possibilidade de tencionar uma reformulação do PT, uma mudança de hábitos, uma abertura de diálogos. Mas a pergunta é: será que a Gleisi Hoffmann e a elite do PT quer isso? Será que Lula quer isso?
“Se o governo Bolsonaro não for uma crise como o PT imagina, ele pode passar por uma crise de relevância, de isolamento gradativo.
CC: Como vê o futuro do PT?
FS: O PT pode ser um partido bem-sucedido fazendo ou não uma revisão. Ele pode jogar parado e esperar que haja uma crise brutal no novo governo. A palavra que está na cabeça da direção do PT é resistência. E o que essa palavra significa? Vamos nos entrincheirar nas nossa posições tradicionais, vamos reunir com nosso sindicatos e com os nosso movimentos sociais, vamos pegar nossa bancada, que tem 57 deputados, e fazer uma oposição radical e continuar com o processo para a liberação do Lula e apostar que haverá uma brutal crise, teremos eleições daqui 4 anos e vamos ganhar. O Lula vai ter 77 anos, vai estar bem e poderá concorrer ou o próprio Haddad. Minha impressão é que a cabeça do PT é essa. Isso pode fazer com que a esquerda possa ser uma alternativa de poder, mas ela não se renova, não recicla.
Se o governo Bolsonaro não for uma crise como o PT imagina, ele pode passar por uma crise de relevância, de isolamento gradativo e ficar dependente do carisma do presidente Lula. Hoje o que segura o PT unido é o ex-presidente Lula. Se o Lula sair de cena o PT viraria um partido comum, teria uma síndrome como a que passa o PSDB.
O PT está em uma posição reativa hoje. Ele sabe que tem um potencial de 30% do eleitorado brasileiro, que não é pouco, ele sabe que tem a maior massa de militantes, tem a maior bancada na Câmara, tem quatro governadores no Nordeste e está bom. Além disso, há um mote político muito fácil, que é atacar o fascismo no Bolsonaro, qualquer coisa que ele disser será fascismo e todo dia terá um maluco do Bolsonaro propondo uma maluquice.
O PT não está preocupado com nossa discussão aqui, se vai renovar a agenda ou modernizar isso e aquilo. Mas é esse o tema que tem que ser discutido.
Fonte: Carta Capital
Créditos: Carta Capital