A jornalista holandesa Sandra Korstjens, correspondente na América Latina da emissora RTL Nieuws há seis anos, contou em um post publicado no Facebook que sofreu assédio por parte de apoiadores de Jair Bolsonaro ao cobrir o ato em comemoração à vitória do presidente eleito no domingo (28), na avenida Paulista, em São Paulo.
“Nesta noite, fui à celebração de centenas de apoiadores de Bolsonaro na avenida Paulista, com a cabeça aberta, tentando explicar os dois lados dessa eleição, apenas fazendo meu trabalho”, escreveu a jornalista no Facebook.
“Infelizmente, isso foi muito difícil, e fui assediada por diferentes homens que pensavam ser tudo bem me tocar ou fazer comentários sobre minha aparência”, acrescentou. “Outros estavam muitos suspeitos com meu trabalho de repórter, porque acreditam que toda mídia tradicional é responsável por fazer fake news.”
Sandra também disse que foi seguida por cerca de 20 minutos por um homem que a intimidou verbalmente, impedindo que ela fizesse seu trabalho. Em seguida, a jornalista afirma que foi em direção a uma área com policiais, que tiravam fotos com as pessoas no ato.
“Quando contei a um policial que estava por lá, ele não levou minha reclamação a sério. Foi só conversar um pouco com o homem e não fez nada. O homem continuou perto e, quando fiquei nervosa, eles me chamaram de louca.”
A holandesa diz que a situação se resolveu apenas porque outros apoiadores de Bolsonaro intervieram para defendê-la. Para o UOL, Sandra disse ainda que nunca passou por nada parecido em todo o tempo que está no Brasil.
“Machismo, infelizmente, tem na América Latina inteira, mas nunca passei por essa situação de assédio mesmo”, afirmou. “Acompanhei as manifestações em 2013, o impeachment e a prisão do Lula e nunca foi tão difícil trabalhar como agora.”
Em relação à postura da polícia, a correspondente da RTL Nieuws se disse decepcionada. Sandra acrescentou ainda que pretende fazer uma denúncia junto ao Sindicato dos Jornalistas.
Procurada pelo UOL, a Secretária de Segurança Pública do estado de São Paulo disse, por meio de nota, que “a Corregedoria da Polícia Militar está à disposição de toda pessoa que queira registrar queixas contra a conduta de qualquer membro da instituição”.
Fonte: UOL
Créditos: UOL