Mano querido. Nunca mais nos falamos, nem aqui, nem pelo telefone. Todos os dias você me dizia eu te amo, e as vezes me ligava para longas conversas cheias de risadas. Mano querido, eu já sei porque você nunca mais me disse eu te amo. Você vai votar no coiso.
Votar no coiso, significa fechar as portas para o lado contrário, significa azeitar as armas, significa fechar os ouvidos, botar uma placa na boca franzida, do tipo, “não quero saber”, “não me diga nada”. Mano, por favor, pense em nós como éramos em crianças. Nós éramos tão pobres que minha mãe dividia uma bala de açúcar para cinco crianças, você lembra?
Nossos pais não nos davam brinquedos, mas nos ensinaram andar de cabeça erguida. Nos ensinaram o respeito, a solidariedade, a simplicidade. Mano, você virou metalúrgico e fez da sua pouca escrita, um lugar para a poesia. Você é um poeta popular, mano. Eu fui estudar. Para uma criança cega, naquele tempo, era preciso estudar. Virei doutora em comunicação.
Mano, eu te peço, não deixe que o país de Bolsonaro nos separe. Pense nos nossos pais, nas suas mãos calejadas. Pense nas centenas de cercas que meu pai ergueu nas terras dos latifundiários. Pense no fazendeiro expulsando a gente das suas terras, porque minha mãe votou num candidato que não era do seu agrado.
Mano querido, no tempo dos nossos pais, a luta dos ricos era para manter a pobreza no chão, submetida. Agora é do mesmo jeito. Só que agora temos escolhas. Quero sua mão, quero seu apoio. Venha comigo votar no 13. Espero você amanhã.
Fonte: Facebook
Créditos: Joana Belarmino