A campanha do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) pediu nesta terça-feira (16) que a PGE (Procuradoria Geral Eleitoral) investigue a empresa de estratégia digital AM4 Informática Ltda, contratada por seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), por suposto envolvimento em uma rede de produção e circulação de fake news contra a campanha petista.
Os advogados argumentam que a investigação deve ser realizada para “evitar o desequilíbrio do pleito e o abuso do poder econômico”.
No pedido enviado à PGE, os advogados da campanha do PT citam uma matéria publicada no jornal “O Globo” em 7 de outubro. Intitulada “Time digital de Bolsonaro distribui conteúdo para 1.500 grupos de Whatsapp”, a reportagem conta como a campanha do deputado federal mobilizou seguidores na internet com informações positivas sobre Bolsonaro e contra seus adversários.
De acordo com a reportagem, por exemplo, na ocasião dos protestos femininos contra Bolsonaro com o mote “Ele Não”, houve um trabalho simultâneo de “contra-ataque” com a hashtag “#PTNão”, através da distribuição de vídeos sobre denúncias de corrupção contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e contra Haddad.
O PT afirma, então, que com estas estratégias Bolsonaro conquistou 6,9 milhões de seguidores no Facebook e 3,8 milhões no Instagram –”números que saltam aos olhos, tendo em vista a média de seguidores de outros candidatos”.
Haddad, por exemplo, soma 1,4 milhões de seguidores no Facebook. Ciro Gomes (PDT), que chegou em terceiro lugar no primeiro turno, tem 760 mil.
“Ocorre que, conforme relatado pelos sócios da empresa à reportagem, apenas 15 pessoas formam o grupo de trabalho da empresa de estratégia digital. Em termos monetários, os números também surpreendem, atuando desde a pré-campanha a agência auferiu tão somente R$ 100 mil. Dados estes que não se compatibilizam com o serviço prestado pela empresa”, dizem os advogados da campanha petista.
Em sua prestação de contas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro declarou ter contratado a empresa por R$ 115 mil.
Na petição enviada à PGR, os advogados do PT afirmam ser fato “público e notório” que a disseminação de notícias falsas contra Haddad e sua candidata a vice Manuela D’Ávila (PCdoB) é “intensa, danosa e recorrente”, lembrando que a campanha já acionou o TSE em diversas oportunidades para pedir direito de resposta e a suspensão de conteúdos falsos da internet.
Nesta segunda (15), o TSE determinou a exclusão de publicações da campanha de Bolsonaro que vinculavam Haddad à suposta distribuição de um “kit gay” nas escolas. No documento, os advogados afirmam também que “mais de 100 links” que traziam conteúdos falsos foram tirados do ar por ordem da Justiça Eleitoral.
“Soma-se a estes fatos a declaração do sócio-fundador da AM4, Marcos Aurélio Carvalho, no sentido de que o trabalho da empresa também consiste na ‘curadoria do conteúdo criado pelos apoiadores'”, argumentam os advogados.
“Dessa forma, tudo leva a crer que a empresa de estratégia digital, bem como a campanha da Coligação ‘Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos’, pode ter envolvimento nessa rede de produção e circulação de informações falsas sobre a Coligação peticionante [a coligação do PT]”, concluem.
Fonte: UOL
Créditos: UOL