Na rede pública, em média, são 37 alunos por sala, diz estudo
Certamente, a sua memória guarda a lembrança de alguma professora ou professor que marcou a sua vida. Hoje, em todo o território nacional, dedica-se o dia a homenagear essa profissão, considerada por muitos como a mãe – ou o pai – de todas as outras profissões. No país, de acordo com o Censo Escolar 2017, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), temos mais de 2,2 milhões de professores somente na educação básica – que vai da educação infantil ao ensino médio. Censo da Educação Superior, também de 2017, revelou a existência de 349.776 docentes atuando em cursos de graduação e pós-graduação.
Nas salas de aula, além do português e da matemática, os professores também ensinam sobre resistência. Isto porque diariamente a categoria luta pela valorização da profissão. Entre outros problemas, a superlotação das salas de aula na rede pública de ensino apresenta-se como um desafio a ser superado. Em um ranking com 60 países analisados pelo estudo Políticas Eficazes para Professores: Compreensões do PISA, publicado este ano, o Brasil aparece com um dos maiores números de alunos por sala de aula no ensino médio. São 37 estudantes, em média, por turma. Isso representa, de acordo com o estudo, 22 alunos por professor. Realizado a cada três anos, o PISA – ou Programa Internacional de Avaliação de Aluno –, é uma das principais avaliações mundiais da educação.
O professor Romário Oliveira, 24 anos, conhece bem essa realidade. Formado em Letras Vernáculas, com especialização em Linguística e ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, ele dá aulas como professor regente há três anos e meio e já trabalhou com, em média, 44 alunos por turmas. “No momento da aula, a superlotação gera preocupação de como será chegar ao aluno o conhecimento de forma acessível”, diz o professor.
O problema se agrava quando as escolas não oferecem ao professor condições técnicas para o desenvolvimento das aulas. Nessas horas, a criatividade dos profissionais é que é colocada à prova. “A maioria das escolas não possibilita que façamos alguns trabalhos que “fogem” à regra do cotidiano escolar e isso deixa a desejar no planejamento. Dessa forma, se eu tirasse as cópias do meu bolso, para cada turma composta por mais de 40 alunos, ficaria impossível, mesmo assim, levava um número e fazia um rodízio entre as turmas”, conta o professor Romário. A experiência do professor Romário talvez sirva de explicação para outros dados de alcance nacional, também revelados pelo PISA. Ocupamos 63ª posição em Ciências, 59ª em Leitura e a 66ª em Matemática.
Como um trabalho de formiguinha, Romário contribui para a mudança das estatísticas pensando novas formas de compartilhar os conteúdos com as suas turmas. “Busco, até hoje, colocar o meu aluno no protagonismo, fazendo-o sentir parte daquele espaço. Quando isso acontece, há um resultado muito bacana, não somente de nota (avaliação), mas da compreensão dele sobre a disciplina”, diz.
Ainda há esperanças
Romário se diz suspeito para falar do amor à profissão que escolheu. Mesmo com as implicações que a categoria passa, ele segue levando a bandeira da educação como principal vetor de transformação social. “Vale muito a pena, não só por que o aluno reconhece você como alguém que o impulsiona. Mas é válido, também, pelas inúmeras possibilidades de se reinventar”, conta o professor.
Baixo investimento, desvalorização com o trabalho do professor e uma série de outros problemas não são suficientes para tirar o brilho da profissão. “Apesar do pouco investimento, das dificuldades estruturais, das “rasteiras” dadas à classe, é válido ter sua formação voltada para aquilo que você sente que é capaz de cumprir”, finaliza o professor.
Fonte: Ascom Educa Mais Brasil
Créditos: Roberto Paim