A verdade sobre o presidenciável Jair Bolsonaro “veio à tona”, e esse alarme disparou justo no oceano de mensagens trocadas pela militância online.
Em um grupo de WhatsApp, a verdade era “simplesmente assustadora”: “Jair Bolsonaro é um enviado de Satanás para causar divisão na igreja e instaurar o domínio do mal”. Só faltava um emoticon fazendo o sinal da cruz três vezes.
O apoio de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, ao candidato à presidência pelo PSL, bem como votos angariados entre religiosos, deram origem a uma série de postagens nas redes que colocam Jesus Cristo no ringue contra “o coiso”, ou aquele cujo nome não se deve nunca pronunciar.
Segundo pesquisa Datafolha da semana passada, 37% dos evangélicos que votam no país tinham a intenção de optar por Bolsonaro no primeiro turno. Entre católicos esse número era mais baixo, de 28%.
Os panfletos distribuídos como santinhos no universo online não ajudaram muito. A maioria comparava o que Cristo disse, segundo os evangelhos, e o que Bolsonaro diz hoje.
“Jesus ensina: ame ao próximo como a si mesmo/ Bolsonaro diz esperar que Dilma morra enfartada ou com câncer”. A menção é a um depoimento do candidato de 2015 sobre a ex-presidente.
No panfleto “nada é mais distante que Bolsonaro e o cristianismo, há uma série de paralelos semelhantes. A imagem é dividida ao meio, com um risco na vertical. As frases de Jesus estão do lado direito (falha do criador) e as de Bolsonaro, do lado esquerdo:
Lado direito: “Bem aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de deus”.
Lado esquerdo responde: “Eu sou favorável à tortura, cê sabe disso”. A frase de Bolsonaro foi dita em entrevista no fim dos anos 1990.
Jesus também pregou do lado oposto, ou seja, sua imagem também está sendo usada pela militância pró-Bolsonaro para combater a esquerda.
Sob o título “Concurso Jesus Gay – É isso que você quer para seu país?”, um vídeo publicado no YouTube e compartilhado no Facebook tem uma mensagem para o eleitor.
O vídeo é de uma edição de antigo evento anual americano em que são eleitas as caracterizações mais sensuais de Cristo. A cerimônia é apresentada por drag queens.
A caricatura brasileira ganhou bandeiras do PSOL, do PT e do PCdoB na parte inferior da tela. Só Deus não viu, ou fingiu que não.
Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Gustavo Fioratti