A Procuradoria do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pretende denunciar o Atlético-PR após a polêmica na partida contra o América-MG, no sábado, na Arena da Baixada. Mesmo sem autorização da CBF, o clube paranaense entrou em campo com uma camisa amarela com a frase “Vamos todos juntos por amor ao Brasil”, em alusão ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Conhecido por ser o atleta mais engajado do futebol brasileiro, o zagueiro Paulo André foi o único a não entrar em campo com a camisa. Um dos líderes do Bom Senso FC, ele se negou a usar e manteve um agasalho sobre a mensagem.
Em julho, o STJD puniu o Atlético-PR por conta do uso de um celular em campo pelo goleiro Santos. À época, os paranaenses sequer procuraram a CBF para pedir autorização. Como a entidade não autorizou a manifestação, o clube, que é reincidente, pode ser multado em até R$ 100 mil, conforme o artigo 191-III do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em “deixar de cumprir o regulamento de competição”.
Presidente do STJD, Ronaldo Piacente explicou a situação e como o órgão pode agir. O fato da manifestação ser política não é exatamente o problema. “O Atlético-PR fez um pedido à CBF para realizar uma manifestação em campo. A CBF negou, pois o pedido foi realizado depois do prazo de 48h previsto em regulamento. Mesmo sem autorização, o time entrou com a camisa em alusão ao Bolsonaro. O STJD pode, sim, julgar a motivação. O Código da FIFA fala em punição para manifestação política. Mas neste caso, a denúncia é sobre a falta de autorização, que é uma infração à competição”, declarou.
A Procuradoria do STJD poderia capitular a equipe dentro do código da FIFA, já que o CBJD não prevê a situação, mas a princípio, essa não é a ideia. “É uma coisa nova. A FIFA fala mais em manifestação da torcida, e não podemos julgar se não há previsão legal. A Procuradoria pode denunciar um clube dentro do código FIFA, mas seria difícil nesse caso. Não podemos levar para a política partidária. É um descumprimento de negativa da CBF que fere o regulamento”, declarou.
Procurada pela reportagem, a CBF explicou que o conteúdo do pedido do Atlético-PR não foi negado por ser uma manifestação política, e que sequer foi avaliado, pois chegou após o prazo de 48h antes do jogo (no fim da tarde de sexta). O prazo é necessário por uma questão de protocolo, tempo de jogo e horário da partida, além da parte de marketing, que envolve contratos de TV e patrocínio.
Questionada se aprovaria manifestações políticas, a CBF preferiu não entrar em detalhes. “Não trabalhamos nem vamos comentar hipóteses. O caso foi ausência de prazo. Precisamos manter um protocolo para não haver problemas como no passado, de questões de exposição de marcas concorrentes aos patrocinadores”, disse, em nota à reportagem.
Na súmula após o jogo, o árbitro Raphael Claus (FIFA/SP) registrou o acontecimento. “Informo que a equipe do Atlético Paranaense adentrou ao campo de jogo para o Hino Nacional com uma camisa de cor amarela por cima da camisa de jogo, com os seguintes dizeres “# vamos todos juntos por amor ao Brasil”.
Fonte: Estadão
Créditos: Estadão