uma reviravolta?

Todos os caminhos continuam levando a Ciro - Por Rômulo Oliveira

"Ainda dá tempo para uma reviravolta, algo que a história recente das eleições prova que é possível"

 

Em maio de deste ano escrevi artigo com titulo similar a este. Naquele momento da corrida eleitoral, já dava para perceber que Ciro pautaria o conteúdo programático da campanha. Só não achava que tanto. Ontem, o debate da TV Globo consolidou a impressão que os outros debates já demonstravam.

Definitivamente, todos os candidatos desta eleição utilizaram referências que Ciro Gomes propõe há anos em seus planos de governo para balizar suas propostas. É um fato.

Álvaro Dias e Henrique Meirelles, defendem uma espécie de PROUNI para o ensino infantil, utilizando a estrutura de creches privadas em comunidades para servir às populações com incentivo do governo, algo que o programa de Ciro aponta a partir da sua experiência pelo governo do Ceará.

Fernando Haddad foi além, focado que estava no Lula Livre, deixou o plano de governo para depois, acabou copiando mais 50% da proposta original do programa de Ciro, entre as cópias está o programa “Dívida Zero”, um CTRL C CTRL V do Programa “Nome Limpo” proposto por Ciro antes mesmo de o petista assumir a condição de titular no lugar de Lula.

Haddad, assim como Geraldo Alckmin, tem em comum a defesa da cobrança de imposto sobre lucros e dividendos das empresas, algo que nem PT, nem PSDB fizeram em suas passagens em seus governos. Alckmin consegue ser pior, pois fala em cobrar o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) retirando impostos de empresas que reinvestem o lucro, medida que vetou nas suas 4 passagens pelo governo de São Paulo. A proposta é defendida por Ciro desde 1996 no livro “O Próximo Passo – Uma Alternativa Prática ao Neoliberalismo” que tem a co-autoria do professor de Harvard, Mangabeira Unger.

Guilherme Boulos, por sua vez, fala em capitalizar a previdência social. Algo inimaginável para um candidato de extrema esquerda. Não basta lembrar que o surgimento do PSOL se deveu a ruptura da ala petista que votou contra a mini-reforma da previdência do governo Lula. Ou seja, mais uma proposta do bizaco do ex-governador cearense.

Marina Silva, por fim, propõe a integração do Agronegócio com a sustentabilidade. Ideia que Ciro expõe no seu plano a partir da do zoneamento econômico-ambiental para o setor, bagagem da experiência da senadora Kátia Abreu, sua vice.

Pelo o que se pode perceber, por trás das críticas ao jeito firme e determinado de Ciro Gomes, se esconde o respeito que seus adversários tem por suas ideias, mesmo quando não citam a fonte.

Ciro se mostrou ao longo desta eleição o candidato mais preparado para a missão de levar o país ao Centro progressista. Tem domínio dos dados, firmeza de posição, projeto nacional e experiência. Não é a toa que uma onda de apoios tem apontado em sua direção nos últimos dias visando o fim da polarização entre a corrupção do PT e o autoritarismo de Bolsonaro.

Não é possível saber se o movimento em sua direção será capaz de leva-lo ao segundo turno, mas as pesquisas mostram o seu desempenho frente à Bolsonaro deveria servir de alerta e bússola para o campo progressista. É o único que derrotaria o candidato do PSL numa eventual disputa direta.

Ainda dá tempo para uma reviravolta, algo que a história recente das eleições prova que é possível, são apenas 9 pontos atrás do 2º colocado que detém rejeição parelha ao 1º colocado, ou seja, a eleição está em aberto e surpresas podem acontecer.

Que assim seja, pois o que se percebe até aqui, é que entre conteúdo e expectativa, todos os caminhos levam a Ciro.

Fica a torcida para que no domingo, o eleitor perceba esse caminho também.

*Advogado, professor. Ex-secretário do Orçamento Democrático de João Pessoa/PB.

Fonte: Rômulo Oliveira
Créditos: Rômulo Oliveira