Em recuperação cerca de duas semanas após o ataque à faca sofrido em campanha por Juiz de Fora, Minas Gerais, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) voltou a ser alvo de duras críticas de seus concorrentes. Aconteceu na quinta-feira (20) no debate exibido na TV Aparecida, aconteceu de novo nesta sexta (21) em entrevista de Marina Silva (Rede) ao Pânico da Jovem Pan. A ex-ministra foi questionada sobre a ascensão do candidato nas mais recentes pesquisas e disse que suas propostas – ou melhor, a falta delas – farão com que ele não tenha tantos votos assim.
“O que acontece é que meu discurso requer um compromisso. Fazer um discurso dizendo que vai resolver o problema da segurança entregando revólver às pessoas parece um caminho rápido. Mas sei que as pessoas estão começando a colocar a mão na consciência e ver que a proposta do Bolsonaro foi desmoralizada em um ato contra ele mesmo. Ele tinha vários policiais armados em volta, segurança pessoal armado em volta. E uma pessoa com uma arma branca chegou e o atingiu em um ato trágico e inaceitável”, declarou.
“A violência não vai resolver o problema. Em um primeiro momento, as pessoas indignadas acham que esse pode ser o caminho mais fácil. Mas temos que ter propostas com propósito (…). Até o dia 7 tenho certeza que os eleitores vão surpreender o Brasil e o mundo”.
Em outro momento da conversa, ao ser perguntada sobre a imagem “frágil” que alguns brasileiros podem ter dela, voltou a usar a chapa do candidato, mais especificamente seu vice, General Hamilton Mourão, para fazer uma comparação.
“Não me incomodo com esse ‘rótulo’ porque conheço minha fortaleza. E ela não é física. Sou persistente, tenho ideais”, contou, relatando algumas dificuldades pelas quais já passou em sua vida. “Isso é ser fraca? Me ensina então o que é fortaleza? É estar lá e roubar? Ou é dizer o que o vice do Bolsonaro disse? Que mulheres e avós que criam seus filhos e netos com dificuldade são indústria de delinquentes? Olha, o momento é difícil. Os valores não podem ser desqualificados. A situação é perigosa. É o momento dos ideais”, completou.
A declaração faz referência à fala feita pelo militar no início dessa semana em um evento em São Paulo. Na ocasião, ele disse que “a partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais”. “Atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai e avô, mas sim mãe e avó, por isso é fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas”.
“Não podemos ficar entre a cruz e a espada. A espada de uma candidatura saudosista do autoritarismo da ditadura. Que incita ódio contra mulheres, índios, negros, pessoas LGBT. Não podemos. Nunca vi alguém dizer que vai governar para os mais fortes. Mesmo os que governam aos fortes dizem que vão governar aos mais fracos. Ninguém diz isso. É primeira vez. É a primeira vez que vejo um candidato desqualificando a sua mamãezinha e a minha vovozinha”, disparou.
“Eu jamais iria distorcer o que ele disse. Ele disse que lares de filhos criados por mães e avós são indústria de delinquentes. Foi isso. Poderia ter dito: ‘eu vou fazer creches para que essas mulheres corajosas criem seus filhos’. Essas mulheres hoje, 40% delas chefiam seus lares. Tem que ter política pública para ela, não adianta ficar acusando. Delinquente é um país que não valoriza as mulheres e não dá igualdade de oporunidade. Nesse sentido acho que a gente não pode ser conivente com esse tipo de coisa. Se as pessoas não tem sequer cuidado ao fazer uma afirmação dessa para ganhar, imagina depois que ganha”, finalizou.
Todos os vídeos da entrevista podem ser assistidos no canal do Pânico no YouTube.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=66&v=fWRNH-1z_2M
Fonte: Jovem Pan/UOL
Créditos: Jovem Pan/UOL