Alexandre Alves Nardoni, preso há 10 anos no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, pelo assassinato da filha Isabella quer ir para o regime semiaberto. A Justiça não tem data para analisar o pedido, que foi feito pela defesa há uma semana.
O pedido de progressão de pena foi feito à Vara de Execuções Criminais de Taubaté (SP) pelo advogado de Nardoni, Roberto Podval, sob os argumentos de que ele já cumpriu 2/5 da pena, trabalhou 634 dias dentro da penitenciária e não se envolveu com facções criminosas.
Se aprovada a progressão, Nardoni pode ter o direito de trabalhar e fazer cursos fora da prisão durante o dia, voltando à cela à noite. Além disso, o regime semiaberto dá o direito ao detento de reduzir um dia de pena a cada três dias trabalhados, além de poder usufruir das saídas temporárias. São até cinco saídas prolongadas, em feriados, no decorrer do ano.
A defesa pediu a progressão no último dia 5 de setembro. Nesta terça-feira (11), o Ministério Público deu parecer contrário ao pedido e pediu cautela. A Justiça ainda vai decidir sobre o pedido.
Carcereiros da penitenciária masculina de Tremembé dizem que Alexandre Nardoni tem se dedicado ao trabalho e ao estudo dentro do presídio. Entre os serviços que já fez, está a confecção de cadeiras, de ferro e madeira, utilizadas em escolas estaduais de São Paulo. O bom comportamento foi usado no pedido feito pela defesa.
Em casos de grande repercussão, como o de Nardoni, a Justiça costuma pedir exame criminológico para atestar que ele não vai trazer riscos à sociedade quando em liberdade. O pedido já foi feito pelo promotor Luiz Marcelo Negrini, que deu parecer contrário à progressão. O promotor também pediu a recontagem dos dias de remissão.
A folha de antecedências criminais de Nardoni, obtida pelo UOL em 27 de março deste ano, aponta que, em cálculo de 2 de julho de 2015, Nardoni poderia requerer a progressão apenas em 30 de julho de 2019.
O procurador de Justiça Criminal Francisco Cembranelli, responsável pela acusação do casal à época, afirmou à reportagem em março que, pela condenação, sem contar as remissões, ele deveria cumprir 12 anos em regime fechado, indicando que a data prevista seria julho do ano que vem.
Para crimes graves, há um grau de exigência bastante grande. Não são raros os casos em que réus pedem o benefício, juízes indeferem e eles recorrem ao tribunal.
Francisco Cembranelli, responsável por acusar Nardoni
Por bom comportamento e após ter cumprido dois quintos de sua pena, Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabela Nardoni, foi beneficiada com o regime semiaberto em agosto de 2017. A juíza que aprovou a progressão apontou que, durante todo o período de prisão, Anna Carolina nunca teve uma infração disciplinar.
O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi condenado por atirar a menina do sexto andar de um prédio na zona norte da capital paulista, na noite de 29 de março de 2008. O pai da menina foi condenado a 30 anos de prisão. A madrasta, a 26 anos.
Nardoni e Anna sempre negaram o crime. Procurado, o advogado que presta serviços ao casal não se manifestou à reportagem sobre o assunto.
Fonte: UOL
Créditos: UOL