O tom em defesa da pacificação do país que marcou a carta ao “povo brasileiro” escrita por Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 ficou de lado no documento lido nesta terça-feira no ato realizado na frente da Polícia Federal (PF) do Paraná para indicar Fernando Haddad como seu substituto na disputa pela Presidência da República.
Há 16 anos, o objetivo era tranquilizar o mercado financeiro, que temia a política econômica que seria implantada com uma vitória do petista, e mostrar que o partido, se chegasse ao poder, se comprometia a seguir os pilares econômicos implantados no Plano Real. Também destinada ao “povo brasileiro”, a carta atual, por outro lado, não fala em pacificação.
Em suas quatro páginas há uma série de ataques à Justiça, ao Ministério Público e à imprensa. Como tem feito desde que passou a ser alvo de investigações em 2015, Lula diz que “mentiras e perseguições” têm o objetivo de retirá-lo da eleição. “Proibiram o povo brasileiro de votar livremente”, acusa o ex-presidente.
Logo na primeira linha do texto de 2002, Lula dizia que o país queria “mudar para pacificar”. Ironicamente, o ex-ministro Antonio Palocci, responsável por aquele documento, também está preso na PF do Paraná, mas agora se transformou em algoz da legenda com as denúncias apresentadas em sua delação premiada.
Na carta de terça-feira, ao indicar Haddad, Lula fala que o novo presidenciável será o seu representante na “batalha” para retomar o caminho da justiça social. Destacadas em 2002, as reformas, com a da Previdência, não são mencionadas agora.
Fonte: O Globo
Créditos: SÉRGIO ROXO