A briga no PTB por causa da sucessão na capital

Nonato Guedes

O ex-deputado federal Armando Abílio e o vereador Aristávora Santos estão em rota de colisão declarada a propósito da aliança do PTB para a sucessão em João Pessoa. Armando, que preside o diretório estadual, reaproximou-se de Ricardo Coutinho, defende apoio a Estelizabel Bezerra, pré-candidata do PSB, e, ao que se sabe, está engomando o terno para assumir uma secretaria de Estado. “Tavinho” preside o diretório municipal e insiste na preferência por apoio a um candidato de oposição, seja o ex-governador José Maranhão (PMDB), seja o senador Cícero Lucena (PSDB). O vereador defende, inclusive, que as definições sejam tomadas mais na frente, em plena fogueira junina, ao contrário de Abílio, que está ansioso para proclamar apoio a Estelizabel já.

O partido tem enfrentado crises de identidade nas eleições recentes, até para o governo do Estado. Abílio foi eleitor de Maranhão, enquanto Carlos Dunga ficou com Ronaldo porque teve um filho aproveitado pela gestão socialista e, sobretudo, porque é leal ao ex-governador Cássio Cunha Lima, que produziu a grande reviravolta apoiando o “mago” e deixando em situação desconfortável o senador Cícero. Essa página foi virada. O mesmo não se dá com o PTB. Abílio, que perdeu a campanha à reeleição para a Câmara e ficou numa suplência, assumiu há pouco a titularidade graças a um arranjo que permitiu à deputada federal Nilda Gondim (PMDB) requerer licença. Como o afastamento era temporário, Nilda retomou o mandato. Ficou combinado que na fila peemedebista o deputado Benjamin Maranhão seria o próximo a se licenciar para Abílio assumir novamente. Benjamin nunca teve a pretensão de tirar licença e sempre negou que houvesse acordo para tal. A indefinição sobre o prolongamento do rodízio de licenças no PMDB parece ter abespinhado Abílio, que partiu para a represália, reatando as ligações com o Palácio da Redenção, depois de ter manifestado simpatia pela pré-candidatura do jornalista Nonato Bandeira (PPS), com quem sempre diálogo aberto.

Os rumores sinalizam que Armando pode ser contemplado com uma secretaria na área social, a mesma que já ocupou em governo anterior. Aristávora Santos luta para esticar a corda. Sabe que o PTB terá dificuldades de emplacar vice na chapa de Estela, mas, independente disso, tenta ser coerente com a linha de oposição que adota em relação aos governos de Ricardo Coutinho e de Luciano Agra. O vereador tem feito declarações contundentes sobre a atuação das duas gestões, o que significa que já demarcou seu raio de ação na disputa e não pretende voltar atrás. A queda de braço pode parecer desigual para Tavinho, dada a influência de Abílio em instâncias superiores do PTB, bem como a habilidade do presidente estadual em improvisar articulações políticas desestabilizadoras. Em todo o caso, é o diretório municipal que vai definir a posição, por candidatura própria ou por aliança. A inclusão de Abílio na equipe de auxiliares do governador Ricardo pode abrir uma zona de arestas com o DEM, já que o secretário de Infraestrutura, ex-senador Efraim Morais, é desafeto político do presidente petebista. O governador Ricardo Coutinho teria que usar todo o jogo de cintura de que dispõe para acomodar situações. Seus discípulos garantem que RC tem descortínio do processo e sabe o que está fazendo e o que vai fazer. Resta a expectativa sobre a alquimia que vai empreender para armar o guarda-chuva em torno de Estelizabel.