A turbulência econômica da Turquia não surgiu de repente. É resultado da instabilidade política — o país passou por uma tentativa de golpe de Estado, pela mudança do regime e por eleições presidenciais antecipadas — e de uma deterioração do quadro fiscal. O afluxo de recursos estrangeiros mingou quando os Estados Unidos começaram elevar sua taxa básica. Juros maiores nos EUA levam investidores a tirarem seus recursos de mercados emergentes, onde a taxa é maior, mas o risco também.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, já declarou várias vezes não apreciar os juros altos. E analistas de mercado veem o fato de o Banco Central do país não subir os juros — o que poderia conter a desvalorização da moeda e combater a inflação — como sinal da interferência de Erdogan na economia. Afinal, ele nomeou seu genro para o Ministério da Fazenda.
O desentendimento com os EUA só agravou a percepção de risco para os analistas. As desavenças começaram na guerra na Síria.
Mais recentemente, o presidente Donald Trump exigiu a libertação do pastor americano Andrew Brunson, acusado de espionagem e terrorismo pela Turquia. Os dois países buscaram uma solução dilpomática, sem sucesso.
Trump, então, recorreu a uma de suas armas favoritas: sanções comerciais. Dobrou as tarifas sobre o aço e o alumínio da Turquia. O aço é o quarto produto da pauta de exportações turcas e, em 2017, os EUA foram seu principal comprador: ficando com uma fatia de 13%.
Os investidores estrangeiros veem os emergentes como um bloco. Turbulência em um dos países alimenta a percepção de risco para os demais, e os recursos são levados para ativos de menor risco, como os títulos do Tesouro americano.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo