SÃO PAULO — O candidato a vice-presidente da chapa presidencial do PT, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que a Nicarágua e a Venezuela não podem ser caracterizadas atualmente como democracias em razão dos conflitos internos vividos. O ex-prefeito de São Paulo evitou, porém, criticar diretamente os governos de Nicolás Maduro e Daniel Ortega, respectivamente.
— Quando você está em conflito aberto, como está lá, não pode caracterizar como uma democracia. A sociedade não está conseguindo, por meios institucionais, chegar a um denominador comum — respondeu Haddad, ao ser perguntado se os dois países deveriam ser definidos como ditaduras ou democracia, em sabatina promovida pelo bloco de Carnaval Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo.
Em julho, a ex-presidente Dilma Rousseff participou de encontro do Foro de São Paulo em que foi aprovada uma resolução de apoio a “Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e ao seu líder”, Ortega. A secretária de Relações Internacionais do PT, Monica Valente, ocupa o cargo máximo do Foro, a secretaria executiva.
No ano passado, em outra edição do Foro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, declarou “apoio e solidariedade ao presidente Maduro frente à violenta ofensiva da direita”
Na sabatina desta segunda-feira, Haddad acrescentou que caberia ao governo brasileiro não tomar partido nos dois conflitos.
— Os governos do PT nunca tomaram partido quando há conflito aberto ou não em países da região. E eu acho essa posição correta do ponto de vista da chancelaria.
O ex-prefeito acrescentou que considera os dois países “à beira de uma guerra civil”.
— Na Venezuela, a tradição golpista se impôs de parte a parte.
No mesmo evento, Haddad defendeu que a decisão sobre a descriminalização de usuários de drogas deve ser de feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele argumentou que a lei sobre o tema aprovada em 2006 deixou margens para interpretação na qualificação da pessoa flagrada com drogas como usuária ou traficante.
— O encarceramento não resolve a questão — acrescentou o candidato a vice, que destacou em diversos momentos da sabatina estar falando em nome da candidatura de Lula.
Haddad ainda foi questionado se já usou maconha e respondeu:
— Experimentei quando era jovem.
Ainda segundo Haddad, o PT está negociando com a RedeTV a participação de Lula no debate que a emissora realizará na sexta-feira. Ele acrescentou que, se for negada a participação do ex-presidente, o partido vai pleitear que ele represente o ex-presidente no programa. De acordo com um dirigente, a sigla estuda ainda, caso a RedeTV não aceite a participação do candidato a vice, levar o caso para a Justiça Eleitoral.
O ex-prefeito de São Paulo também revelou uma discussão interna no PT sobre a indicação ou não de um substituto de Lula nos debates.
— Havia dúvidas sobre a conveniência. Qual a mensagem que está passando se alguém for representar? A conclusão foi que, se a apessoa for com um discurso reto, é melhor para o Lula que alguém o represente.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo