Pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes trocou de partido seis vezes por causa de divergências políticas e de falta de espaço para alçar voos mais altos. Apesar do temperamento explosivo, ex-correligionários — mesmo os que viraram adversários políticos — dizem não ter queixas sobre a convivência partidária. Eles afirmam, porém, que Ciro repete erros do passado.
— Ele não aprendeu nada, continua com a completa insensatez de agredir, de não pensar no que está dizendo, de ser inconstante. Os erros que ele cometeu na campanha de 2002 são muito parecidos com os de agora. A diferença é que, naquela, ele começou a dizer bobagem no final, e agora, no começo. Depois se desdiz, se arrepende, mas não muda — diz o presidente do PPS, Roberto Freire.
Foi pelo PPS que Ciro disputou o Palácio do Planalto em 1998 e 2002, quando ficou desgastado após dizer, por exemplo, que a função de sua então mulher, a atriz Patrícia Pillar, era dormir com ele. Na atual pré-campanha, em um de seus arroubos, Ciro chamou uma integrante do Ministério Público de “filho da puta”.
Ciro foi praticamente expulso do PPS — desligado de suas funções partidárias — em fevereiro de 2005, por se recusar a deixar o Ministério da Integração Nacional, apesar de o partido ter rompido com o governo Lula.
Atualmente em negociação para conquistar o apoio do PSB, Ciro foi filiado ao partido de 2005 a 2013, do qual saiu para ingressar no PROS. A relação começou a azedar em 2010, quando ele queria disputar a Presidência, mas o partido, então comandado por Eduardo Campos, decidiu apoiar Dilma Rousseff (PT). Ciro deixou o PSB em 2013 por discordar da decisão de lançar Campos para o Planalto no ano seguinte.
Ao contrário da candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, cuja passagem pelo PSB foi considerada traumática, dirigentes partidários da época afirmam que não houve problemas com Ciro.
— A relação era muito boa com ele e com o (irmão) Cid. Eles nos ajudaram tanto no plano nacional quanto no Ceará. Não fizeram luta interna, mas nós demos toda a hegemonia que queriam no Ceará — disse Roberto Amaral, que era o braço-direito de Eduardo Campos no PSB quando Ciro deixou o partido.
INÍCIO NA POLÍTICA
Ciro entrou na política em 1982 levado pelo pai, José Euclides Ferreira Gomes Filho, que era prefeito de Sobral (CE) pelo PDS, partido que apoiava a ditadura militar. Mas seu padrinho político, responsável por sua ascensão no início da carreira, foi Tasso Jereissati, que despontava como uma moderna liderança política. Em 1990, os dois ingressaram no recém-criado PSDB. Antes, Ciro passou pelo PMDB.
Tasso e Ciro estão “afastados”, nas palavras de pessoas próximas do senador tucano. Tasso teria ficado “decepcionado” com a falta de apoio do afilhado político à sua reeleição ao Senado em 2010, quando foi derrotado. Ciro e seu irmão Cid, então governador e candidato à reeleição, apoiaram para o Senado José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (MDB), que foram eleitos.
Ciro ficou sete anos no PSDB, sigla pela qual foi ministro da Fazenda no governo Itamar Franco. Um aliado aponta o que seria um “cacoete de tucano” que Ciro carrega e que dificultaria sua aproximação com o eleitorado:
— Ele fala de política pública, em vez de falar das pessoas. O Lula não fala do ProUni, ele fala da Maria que conseguiu entrar na universidade.
Fonte: O Globo
Créditos: O Globo