A paquistanesa Malala conhece pela primeira vez o Brasil
A realidade do Paquistão e do Brasil estão mais próximas. Esta semana, a paquistanesa Malala, 20 anos, símbolo da luta pela educação de meninas no mundo, esteve no Brasil para anunciar o patrocínio a três ativistas brasileiras da área de educação.
Essas mulheres selecionadas são as primeiras sul-americanas a integrar a Rede Gulmakai, iniciativa do Fundo Malala que reverte verba a pessoas que trabalham em prol educação de meninas. “Educação é mais do que ler e escrever. Educar garotas ajuda a construir economias, fortalecer democracias e traz estabilidade aos países”, defende Malala.
Uma das ativistas escolhidas por Malala é a baiana Ana Paula Ferreira de Lima. A professora realiza um trabalho educacional focado em meninas indígenas por meio da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí). O projeto atua desde 1979 e tem como objetivo “promover e respeitar a autonomia cultural, política e econômica e o direito à autodeterminação dos povos indígenas”.
A segunda ativista é Denise Carreira, de São Paulo. Formada pela Universidade de São Paulo, ela é ativista de direitos humanos há 30 anos e trabalha pela promoção de igualdade de gênero nas escolas e nas redes educacionais do país como coordenadora adjunta da Ação Educativa. Fundada em 1994, a instituição tem como objetivo “promover os direitos educativos e da juventude, tendo em vista a justiça social, a democracia participativa e o desenvolvimento sustentável no Brasil”.
Denise considera a vinda de Malala ao Brasil e o reconhecimento das três ativistas que atuam com a educação um reforço de peso. “Ao se calarem sobre as desigualdades de gênero, as escolas acabam se omitindo com relação a um problema social que é enorme no Brasil. A desigualdade entre mulheres e homens existe e a importância da igualdade gênero está prevista, inclusive, na Lei Maria da Penha que define que o país deve implementar programas de promoção da educação e gênero nas escolas, justamente para que possamos avançar contra a violência contra as mulheres e meninas, que é imensa no nosso país” declara.
A presidente do Movimento Infanto-juvenil de Reivindicação (Mirim), de Recife, Sylvia Siqueira Campos também teve o trabalho percebido e reconhecido por Malala. Fundado em 1990, o projeto se propõe a “defender e promover os direitos humanos com foco na infância, adolescência e juventude, a fim de combater as desigualdades, estimular a cidadania ativa e radicalizar a democracia”. Em sua conta no Instagram, Sylvia postou foto ao lado de Malala com a seguinte legenda. “O momento marca o começo de uma parceria que, ideologicamente, já deu certo”.
Reconhecimento Mundial
A história da paquistanesa Malala é marcada pela garra de quem quase perdeu a vida ao ter que lutar pelo simples direito de estudar. Malala estudava em um país dominado pelos Talibãs, onde culturalmente não era permitido que meninas estudassem. Viveu e cresceu nesse contexto, mas fez a diferença. Aos 15 anos, foi baleada na cabeça quando voltava da escola, por ter desafiado, defendido e influenciado a educação e presença feminina nas escolas do seu país.
Prestes a completar 21 anos nesta quinta-feira, Malala não desistiu e conquistou o mundo com sua coragem e perseverança. Aos 17 anos, ganhou o prêmio Nobel da Paz, de 2014, passando a ser a mais jovem mulher a conquistar um título como esse. Hoje, ela busca incentivar de todas as formas a importância dos estudos e igualdade de gênero. “Nossos livros e nossos lápis são nossas melhores armas”, disse Malala durante um discurso na Assembleia de Jovens da ONU. Agora, no Brasil, a jovem que enxerga a educação como solução, declarou: “Educação é o maior e mais sustentável investimento de longo prazo”.
Fonte: Ascom Educa Mais Brasil
Créditos: Vanessa Casaes