Cássio protesta contra rumos da CPI do Cachoeira

Nonato Guedes

O senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB), membro da CPMI que investiga ligações do contraventor Carlos Augusto Ramos (Carlinhos Cachoeira) com agentes públicos e privados, lavrou seu protesto contra o roteiro de atividades traçado pela presidência e relatoria da Comissão, por entender que ele é restritivo e não transparente, como deveria ser. O presidente é o senador paraibano Vital Filho (PMDB). Cássio solicitou, por exemplo, uma ampliação da apuração de negócios envolvendo a construtora “Delta”, de propriedade de Ricardo Cavendish, em todo o país e questionou a indicação do deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) como membro da CPMI, ressalvando que ele está citado em inquéritos sobre as irregularidades.
“Éinjustificável que seja apurada a atuação da “Delta” apenas no Centro-Oeste, quando sabemos que há tentáculos por outras regiões do país. A impressão que se tem é de que a base política do governo já colocou a pizza no forno”, adiantou Cunha Lima, citando que, em termos concretos, só foi aprovada até agora a quebra dos sigilos bancário e fiscal do contraventor Carlinhos Cachoeira. Indiferente às reclamações de Cunha Lima, o senador Vital Filho, além de anunciar o roteiro de trabalho a ser seguido pela CPMI, divulgou as regras de segurança máxima que serão adotadas para o acesso ao material compartilhado pelo Supremo Tribunal Federal com os membros da Comissão. As medidas severas, de acordo com Vital, são imprescindíveis para evitar vazamentos de informações, o que comprometeria a credibilidade da CPMI.
Ficou acertado que a partir de segunda-feira serão liberados documentos referentes às operações “Veja” e “Monte Carlo” para senadores e deputados designados pelos partidos para compor a Comissão. O acesso ocorrerá numa sala do subsolo na ala “Alexandre Costa”, preparada com rigorosos procedimentos de segurança e proteção. Os parlamentares que tiverem acesso não poderão portar celulares nem câmeras fotográficas ou filmadoras e ainda por cima assinar um termo de responsabilidade, comprometendo-se a não precipitar o repasse de informações para os meios de comunicação.
O roteiro de trabalho exclui, numa primeira etapa, a convocação dos governadores Marconi Perillo, do PSDB de Goiás, Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal e Sérgio Cabral, do PMDB do Estado do Rio. O depoimento de “Carlinhos Cachoeira” está marcado para o próximo dia 15, e o do senador Demóstenes Torres (sem partido) ficou estipulado para o dia 31. Também está agendado o depoimento de Fernando Cavendish, que poderá prestar esclarecimentos valiosos à Comissão. O Palácio do Planalto monitora com atenção o desenrolar dos trabalhos da CPMI, e as lideranças governistas no Congresso foram instruídas diretamente pela presidente Dilma Rousseff a montar uma estratégia que evite exploração ou tendenciosidade.