Apoio aos defensores e a Casemiro na saída de bola. Passes para quebrar linhas de marcação e, se não fosse o suficiente, chegada na área rival para finalizar.
Cumprir todos esses requisitos de jogo não é uma tarefa simples, mas Philippe Coutinho tem executado praticamente à perfeição em duas partidas da Copa do Mundo na Rússia. Se não bastasse os gols e as jogadas que os brasileiros acompanharam contra Suíça e Costa Rica, o camisa 11 também tem oferecido muito suor à equipe, atingindo a meta de Tite na busca por meio-campista que seja, na verdade, um “todo-campista”.
Os dados da Fifa no Mundial da Rússia mostram que Philippe percorreu, após duas partidas, distância superior à de uma meia-maratona, que é de 21,09 quilômetros. Ele é, com alguma folga, o brasileiro que mais correu em campo na Copa. Terceiro lugar na lista, Neymar tem 18,5 quilômetros. Vice-líder, Marcelo somou 19,2 quilômetros. Coutinho, que é o 19º geral na Copa, percorreu 22,1 km até aqui.
Como ocorreu a adaptação
Acostumado a atuar na ponta, o camisa 11 é pensado por Tite para executar o papel de meio-campista há algum tempo. Em junho do ano passado, na Austrália, logo após garantir a vaga na Rússia, Coutinho começou a ser adaptado a essa nova função.
Treinou por ali ao lado de Paulinho, ganhou rodagem e estreou na função diante dos australianos. Desde então, assumiu protagonismo e experiências para chegar à Copa totalmente apto, a ponto de o treinador levar outros quatro pontas na lista de 23 [Neymar, Willian, Douglas Costa e Taison]. A atuação contra a Áustria antes do Mundial, somada aos problemas de Fred e Renato Augusto, encaminhou sua mudança de setor.
Adaptar-se a ponto de virar um jogador capaz de correr mais de 11 km por jogo, porém, exigiu um sacrifício pessoal importante. Incentivador do crescimento físico de Coutinho, o preparador físico da seleção brasileira, Fábio Mahseredjian, recentemente exaltou a mudança de postura de Philippe. Diferentemente de boa parte de seu tempo em Liverpool, ele hoje trabalha duro na academia, montou uma estrutura própria dentro de casa e tem profissionais destacados para cuidar de seu corpo em Barcelona.
“Ele vem evoluindo fisicamente. Ganhou peso, massa magra, potência muscular. Há cuidados com ele, há um profissional com ele no Barcelona. […] Vai chegar muito melhor fisicamente que a primeira vez que o encontrei aqui [2014]”, mencionou Mahseredjian, no início da preparação para a Copa, com destaque até mesmo a um ganho de peso do jogador a partir desse trabalho.
Cada vez mais completo, embora tenha margem de evolução no controle do jogo, Coutinho tem respondido até aqui a uma demanda de alguns anos na seleção brasileira.
Na Copa 2014, por exemplo, a Alemanha de Khedira, Kroos e Schweinsteiger foi campeã com meias versáteis e completos, embora tivessem funções também mais definidas. O Brasil de Luiz Felipe Scolari tinha em Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar atletas de repertório inferior e com atribuições mais repartidas. Ao correr, armar e concluir com eficiência parecidas, Philippe prova que é possível ter também um ‘todo-campista’ brasileiro.
Com seu estilo próprio, discreto e concentrado, Coutinho ainda transita com naturalidade no vestiário da seleção. O destaque dele não gera ciúmes e, pelo contrário, agrada até mesmo o entorno de Neymar, a estrela destacada da companhia.
Amigo dele desde a base, Philippe é exaltado pelo estafe do camisa 10 como alguém capaz de assumir responsabilidades, seja pela técnica ou pela personalidade, e dividir a carga de pressão pelo hexacampeonato. Um peso que Coutinho tem carregado com tranquilidade e suor.
Fonte: UOL
Créditos: UOL