Em nota divulgada nesta quinta-feira (21), o Ministério Público Federal do DF anunciou abertura de um inquérito criminal para investigar os brasileiros que fizeram vídeo machista na Rússia com uma mulher estrangeira.
As investigações foram requisitadas “em regime de urgência e prioridade” para permitir a identificação dos envolvidos. “O MPF entende que a conduta dos brasileiros denegriu a dignidade e expôs a estrangeira a humilhação pública, diante do cunho nitidamente machista e discriminatório percebido nas imagens”, anunciou o órgão por meio de sua assessoria de imprensa.
O MPF abriu inquérito com base nos artigos 1, 3 e também nas leis estabelecidas pela Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher.
A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com o Ministério de Relações Exteriores. A pasta acompanha a denúncia contra os brasileiros, mas ainda não divulgou uma posição oficial sobre o assunto.
Casos de machismo
Desde o começo da Copa, vários vídeos têm circulado nas redes sociais com brasileiros abordando estrangeiros e fazendo-os repetir palavras desrespeitosas que eles não entendem. Na semana passada, o vídeo de maior repercussão mostrava vários brasileiros rodeando uma mulher estrangeira, incentivando-a a repetir as palavras “b… rosa”. A OAB de Pernambuco e a Polícia Militar de Santa Catarina identificaram alguns deles e lançaram notas de repúdio.
Em outra gravação, um funcionário da Latam aborda três estrangeiras e repete a atitude. Nesta quarta-feira, a Latam anunciou que demitiu o funcionário. Em um terceiro vídeo, o comerciante Leandro Dias, de Montes Claros (MG), aborda outra estrangeira. Ele aparece fora de quadro, mas foi identificado pelo seu reflexo nos óculos escuros da mulher.
“Essas providências são necessárias para desconstruir o machismo”, afirmou a defensora pública Maíza Rodrigues, que reconheceu comerciante. “Essas coisas têm efeito quando começa a mexer no bolso do cara, quando dá publicidade. O outro já vai ficar, como dizemos aqui no norte de Minas, ‘de orelha em pé’, e assim a gente vai lutando.”
O coletivo feminista Filhas de Frida é um dos grupos militantes que disseram que engrossarão o protesto. “Esse comportamento fere o corpo e a dignidade da mulher”, afirmou a estudante Eduarda Porfino, membro do coletivo.
A reportagem entrou em contato com um irmão de Leandro, mas ele não quis conversar e disse que Leandro voltará ao Brasil ainda nesta semana. Após a repercussão negativa, o comerciante apagou seus perfis nas redes sociais.
O shopping popular Mario Ribeiro da Silva, onde Leandro tem suas lojas, é administrado pela prefeitura de Montes Claros. Procurada, a assessoria de imprensa disse que Leandro não é ligado a administração e portanto não caberia à prefeitura “reprimir” ou “coibir” seu comportamento.
Fonte: Uol
Créditos: Uol