A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse nesta quinta-feira (21) é parte da democracia fazer críticas, mas que não se pode demonizar a política.
A ministra deu a declaração durante palestra sobre a participação da sociedade no processo democrático, no 2º Congresso de Direito Eleitoral de Brasília, promovido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
“Nós podemos ser contra um servidor, nós podemos ser contra um agente público, nós podemos ser contra um modelo de governo, nós podemos ser contra um governante, porque é da democracia a liberdade de opinar, de criticar e de se contrapor”, declarou.
“Nós não podemos é ficar contra a política”, disse. Segundo a ministra, “demonizar a política” não faz com que a situação melhore.
Participação social
Segundo a presidente do STF, a “racionalidade da política” é o que garante a segurança e aplicação de direitos para a população.
“O ser humano ainda não inventou outra forma de convivência num espaço plural de todos, senão pela racionalidade que a política nos oferece por meio de instituições que possam nos garantir a segurança de direitos, a aplicação de direitos”, afirmou.
A uma plateia formada principalmente por servidores da Câmara Legislativa, a ministra disse que não adianta apenas reclamar. Segundo a ministra, mudanças efetivas só acontecerão com a participação da população.
“Elegemos representantes e não substitutos. Portanto, nós continuamos no processo político permanentemente e não apenas a cada mês de outubro a cada dois anos”, observou.
Cármen Lúcia disse ainda que o momento na política brasileira é “grave”, mas que se deve lutar para que a Constituição seja respeitada.
“O momento brasileiro é grave, sim, mas a democracia brasileira está posta como principio constitucional maior”, afirmou.
Reforma política
Ela defendeu a necessidade de uma reforma política e fez críticas ao número de partidos no país. “Termos mais de 30 partidos faz com que haja uma atomização de ideias. Então, o próprio representado não se sente representado por nenhum partido”, disse.
Segundo ela, a quantidade de legendas partidárias faz com que os programas fiquem muito parecidos. “Nós vemos partidos que não têm a diversidade de programa que faria com que, optando por um, eu estivesse dizendo não a outro”, afirmou.
A ministra citou o caso do Partido da Mulher Brasileira, que obteve o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Curioso que um partido que representaria a mulher não tenha nenhuma mulher”, disse.
Fonte: G1
Créditos: G1