Data relembra primeira produção de imagens em movimento, de 1898
Hoje, 19 de junho é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro em homenagem à primeira produção de imagens em movimento no território nacional, feita pelo cinegrafista Affonso Segretto, em 19 de junho de 1898. Intitulada Uma Vista da Baía de Guanabara, a obra foi produzida à bordo do Brèsil, um navio que partiu da Europa e estava a desembarcar no Rio de Janeiro. Apesar do momento, quase 70 anos depois, as produções audiovisuais baianas passaram a ser celebradas.
Dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) divulgados em 2018 por meio da pesquisa “Diversidade de Gênero e Raça nos Lançamentos Brasileiros de 2016” apontam que foram produzidos, naquele ano, 142 títulos nacionais e que a região sudeste respondeu por cerca de 80% da produção audiovisual no respectivo ano, o equivalente a 114 obras.
Aparece em segundo lugar o nordeste, região do cineasta baiano aclamado internacionalmente (Glauber Rocha), com 16 obras e apenas 11% da produção. “Precisamos escoar e dar visibilidade às nossas histórias, e almejarmos contá-las não só artística, mas comercialmente, em pé de igualdade com a produção feita no eixo Rio-São Paulo”, defende a cineasta e jornalista Ceci Alves em relação à necessidade de intensificar a produção em outras regiões do Brasil uma vez que o cinema nacional está intimamente ligada às questões de identidade local.
O terceiro lugar é ocupado pelo sul, com 7 obras (5%) e o quarto lugar ficou com a região centro-oeste, com 4 obras (3%). Houve uma produção atribuída a ambas às regiões sudeste/ sul e a região norte do não registrou produções.
A pesquisa foi realizada pela Coordenação de Monitoramento de Cinema, Vídeo Doméstico e Vídeo por Demanda (CCV) do órgão. Dos 142 títulos lançados, 97 corresponderam às obras de ficção (68%), 44 foram documentários (31%) e apenas uma obra foi de animação (1%). Em termos de público, apenas seis títulos superaram a marca de 1 milhão de espectadores (4%) e 94 obras (66%) registraram um público de até 10 mil pessoas.
Gênero e raça na produção de cinema e audiovisual do Brasil
Em termos de gênero e raça, a pesquisa constatou um abismo existente na produção audiovisual brasileira: os homens brancos assinaram a direção de 75,4% dos longas-metragens lançados e, em paralelo, os homens negros dirigiram apenas 2,1%. As mulheres brancas dirigiram 19,7% das produções e as mulheres negras não assinaram a direção. No tipo documentário, as mulheres produziram 29,5% e os homens 63,6% – 6,8% foram produzidos por gêneros mistos. Já o tipo ficção teve 15,5% de direção feminina e 84,5% masculina.
“Nós, mulheres, ainda precisamos compreender este cenário desfavorável, preencher espaços, conquistar e deixar de depender da boa vontade de governos. [Precisamos] nos unir e partir para a luta”, destaca Ceci. Como sugestão, foi pontuada a necessidade de dialogar com a sociedade civil organizada, a classe do gênero feminino, a fim de compreender as privações e especificidades capazes de construir políticas públicas.
Títulos veiculados na televisão por assinatura em 2017, revelam que apenas 15% tiveram direção feminina – um percentual baixo quando considerando que as mulheres correspondem a 53% entre os que fazem a graduação em audiovisual e a 52% entre os que ocupam postos de trabalho formais em produtoras. Os dados mostram ainda que apenas 79% das obras exibidas foram dirigidas por homens e 6%, por direção mista. Não houve produção com direção exclusivamente femininas.
Para a realização da pesquisa, foram consideradas as classificações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para identidade de gênero (masculino e feminino) e de raça (branca, preta, parda, indígena e amarela). Foram consideradas com base na observação do nome social e de fotografias públicas do profissionais.
Fonte: Ascom Educa Mais Brasil
Créditos: Tunísia Cores