“A direita e a burocracia do PT não querem uma união de esquerda”, dispara Ciro descartando aliança no 1º turno

Depois de criticar severamente a ex-presidente Dilma Rousseff pela escolha de Levy como ministro da Fazenda e as alianças do PT com o MDB, Ciro Gomes explicou no Roda Viva as razões que impedem uma aliança de esquerda entre ele pelo PDT e o próprio Partido dos Trabalhadores no primeiro turno. A pergunta foi feita pelo jornalista Bernardo Mello Franco. Segue abaixo a longa resposta:

Não tô brigando não. Eu não sou do PT. Eu não aprovo a resultante final do que o PT produziu no Brasil. Não faço isso por nenhum tipo de oportunismo. Não aceitei mais ser ministro no primeiro governo do Lula. Honrosamente convidado, não aceitei ser ministro da Dilma porque eu vi toda essa coisa acontecendo.

Tudo o que aconteceu, eu meio que denunciei antes. Fiquei muito aborrecido com a indicação do Michel Temer como vice. Tente imaginar o que eu senti vendo a Dilma se solidarizar com o Eduardo Cunha em dentrimento a outra pessoa que tinha sido seu ministro da Educação [no caso do irmão dele, Cid Gomes]. Onde o Eduardo Cunha está agora? Na cadeia. Nomear o Levy ministro da Fazenda… espera um pouquinho! Sou obrigado a me explicar por isso? O que é que eu tenho com isso?

O que eu digo do PT é que a gente tem que respeitar o tempo deles, que é um tempo traumático. Tem muita gente provocando porque tem dois grupos que não querem essa unidade de esquerda: a direita, que tem pânico e pavor de unirmos todos no primeiro turno, e a burocracia do PT, que não tá nem ai pro Lula e está doida pra eleger deputado (…).

Quando as coisas estavam se encaminhando pra dar no Collor, eu tentei como jovem prefeito de Fortaleza pro Lula e o Covas se entenderem em 1989. O Brizola percebeu isso e propôs a mesma coisa ao Lula. O PT não quis e foi lá, isoladamente, apanhar do Collor. Tentei essa aliança o tempo inteiro.

Acho que agora não será diferente. Não nos uniremos no primeiro turno, o que é lamentável.