A mineira Fernanda Paulsen foi uma das vítimas do vulcão Kilauea, que entrou em erupção no início de maio destruindo tudo pelo caminho. A casa da brasileira, que mora no Havaí há nove anos, foi engolida pela lava.
A residência de Fernanda ficava a pouco mais de dois quilômetros do Kilauea, o vulcão mais ativo do planeta, em erupção desde 1983. No dia 3 de maio, a atividade começou a aumentar, acompanhada por inúmeros terremotos, inclusive um tremor de magnitude 6.9 na escala Richter. Fissuras se abriram no solo e um fluxo incontrolável de lava tomou diversos bairros, entre eles a região de Malama-ki, onde morava a brasileira.
“No dia 19, a lava do Kilauea entrou no meu condomínio de maneira muito agressiva, tinha um rio de lava descendo, levou nossa casa e toda nossa fazenda”, conta Fernanda que, junto com a família, teve tempo de salvar apenas os documentos pessoas, algumas roupas e fotos.
“A gente já estava lá há nove anos e tinha construído um trabalho muito bonito. Ver tudo ir embora foi de uma tristeza imensurável”.
Fernanda havia construído uma fazenda com o marido Dustin Paulsen, com quem teve duas filhas. Na propriedade de quatro hectares eles criavam animais e cultivavam produtos orgânicos, aproveitando a fertilidade da terra, adubada pela quantidade de minerais jogada no solo pelas erupções.
“A gente não podia fazer nada diante da força da natureza, que é realmente magnífica. Foi muito triste porque a gente nunca pensou que isso poderia acontecer, apesar de morar tão perto do vulcão, mas em uma área residencial”, relata a brasileira.
Lava não atingia a região desde 1955
A última vez que a lava atingiu essa região foi em 1955. Fernanda e as filhas, de cinco e três anos, foram para a casa de parentes na Flórida. Seu marido ficou na Big Island e agora procura outro lar para a família, na mesma ilha.
“O próximo passo para gente agora é achar uma casa para alugar, o que não está fácil, porque muita gente teve que evacuar e a procura em áreas um pouco mais distantes do Kilauea”, explica a brasileira. Os amigos da mineira começaram uma campanha virtual para ajudá-la a recomeçar a vida.
Vulcões dão força às ondas que criaram a fama do Havaí para o surfe
As ilhas havaianas foram formadas por erupções vulcânicas e, justamente por causa dessa origem, algumas das maiores ondas do planeta chegam com força nos arredores do arquipélago e o fazem ser sinônimo de surfe. O próprio vulcão é um show que atrai mais de dois milhões de turistas todo ano na Big Island, maior ilha havaiana.
Ao todo, 82 casas e outras estruturas já foram tomadas pela lava do Kilauea. O governo federal americano, por meio da Fema (Federal Emergency Management Agency) só passa a ajudar as vítimas depois que 170 casas forem destruídas. O número de evacuações já ultrapassou esse limite, mas por ser uma zona rural, com poucas residências, é provável que esse o número não seja atingido.
Lendas dizem que deusa mora dentro do vulcão
As lendas havaianas dizem que a deusa Pele mora dentro do vulcão e quando ela sai é uma honra receber sua visita. Por essa razão, Fernanda enfrenta a tragédia com filosofia.
“Obrigada a todas as pessoas no Havaí e fora dele que estão orando, cantando, dançando, meditando por nós e também para a deusa Pele, para que ela possa fazer o que precisa fazer. Nós honramos a sua presença. Deixar ser o que é pra ser. Eu ouço a mãe natureza!”, declarou a brasileira em sua página no Facebook.
Fonte: G1
Créditos: G1