Neste 18 de maio, é celebrado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que foi instituído após profissionais da saúde mental, cansados do tratamento desumano e cruel dado a usuários do sistema de saúde mental, organizarem o primeiro manifesto público a favor da extinção dos manicômios durante o II Congresso Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental realizado em 1987, na cidade de Bauru/SP.
Na Paraíba, para conscientização sobre a data, acontece a Semana Estadual da Luta Antimanicomial, que teve inicio na última terça-feira (15), por meio da Coordenação Estadual de Saúde Mental, e teve como destaque apresentações artísticas de usuários de vários serviços da Rede de Atenção Psicossocial na Paraíba.
Na quarta-feira (16), houve um ato cultural na Lagoa, um evento comemorativo, festivo, com a comunidade em geral discutindo sobre a luta, se expressando.
Para encerrar a semana , hoje (18) ocorre a tradicional marcha, saindo do Busto de Tamandaré, em Tambaú, para o Largo da Gameleira, em Manaíra, na capital.
O Polêmica Paraíba conversou com Pollyana Calixto, psicóloga, que tem um histórico no movimento, junto aos coletivos que trazem essa discussão com os serviços oferecidos pela rede de apoio, juntamente com os usuarios e familiares.
Reforma Psiquiátrica
“No Brasil foi se construindo essa necessidade de reforma do modelo. Os tratamentos consistiam em torturas físicas, tratamento totalmente de base moral e de forte medicalização. A reforma veio impulsionada a partir da lei 10216, que é a lei da reforma psiquiátrica, de autoria de Paulo Delgado. A lei se forma na necessidade da garantia dos direitos dessas pessoas que estão em sofrimento mental e a partir da progressiva substituição dos hospitais psiquiátricos por uma rede de serviços.”
A Rede
“A rede se compreende desde a atenção básica, de unidades básicas de saúde, como o pronto atendimento em saúde mental, além dos serviços especializados que são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), esses com várias modalidades , CAPS 1, 2, que seriam os CAPS que acolhem as demandas de saúde mental de uma forma geral, e o CAPS 3, que tem acolhimento 24h para aqueles usuários que precisam de um acompanhamento em um momento de crise. Tem também os CAPS AD, que acolhem pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e drogas, e os CAPS infantis. Essa rede funciona de acordo com o território, ela se forma com a necessidade e demanda da população.”
Resultados
“Essas pessoas, que antes só tinham os hospitais psiquiátricos como possibilidade, podem fazer esse cuidado de saúde mental na rede, a partir do acompanhamento de seus familiares, fazer um tratamento mas prestar um cuidado em saúde mental, que não seja só na perspectiva medicalizante, do isolamento da segregação. O nosso desafio também é quebrar esses paradigmas da periculosidade, de dizer que o usuário da saúde mental, o sujeito dito ‘louco’, é perigoso. É preciso quebrar uma barreira nesse sentido.”
Socialização
“É necessário compreender o usuário a partir da perspectiva de cidadão,e entender que ele precisa pactuar do seio da sociedade, precisa estar em contato com o meio que vive, e que é necessário esse apoio. Ele pode ser cuidado onde ele está, pode circular nesses serviçoes, participar de oficinas, de geração de renda ele pode ter outras formas de sessão.”
Dia de Luta
“O 18 de maio é marcado como um dia pra gente lembrar, é um dia de luta e também de comemorar esse avanço que a gente tem a partir da rede, e de não deixar que isso retroceda, toda essa semana costumamos fazer movimentos, atos, para estar falando sobre essas questões na rua.”
Programação dos municípios
“A VIII Semana Estadual da Luta Antimanicomial acontece, simultaneamente, em 50 municípios do estado, com rodas de conversas, palestras, caminhadas, atividades dos Caps, envolvendo a Saúde e Educação dos municípios com panfletagens, apresentações teatrais e exibição de filmes sobre saúde mental.”
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba