No dia de hoje proponho colocar uma pausa momentânea nas discussões factuais e triviais inerentes ao ano eleitoral. A Páscoa chega e nos permite uma reflexão mais crítica sobre vários aspectos da vida, inclusive sobre a política e os políticos.
A história da Páscoa cristã envolve esvaziamento, desapego do poder e humildade. Resumidamente, tudo começa quando Cristo, o Filho de Deus, com a mesma essência do Pai e partícipe da mesma glória, decide se esvaziar, tornar-se servo e humilhar-se até a morte, numa tenebrosa e rude Cruz. Tudo isso com um objetivo apenas: salvar os homens de seus pecados e mazelas.
Ao contar-nos essa história, na Epístola aos Filipenses, o apóstolo Paulo recomenda: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus”. Ao obedecer aquele conselho, conforme Paulo, os homens viriam a “tornar-se puros e irrepreensíveis, […] no meio de uma geração corrompida e depravada”.
Nas últimas horas, políticos brasileiros de vários partidos estão publicando em suas redes sociais mensagens alusivas à Páscoa e ao sacrifício de Cristo. Alguns fizeram questão de carregar a Cruz, como fez um deputado estadual no sertão da Paraíba. Outros visitaram templos, cumprimentaram os fieis, distribuíram peixes. Uma imitação mal-feita daquilo que Jesus fazia.
Na prática, o caminho adotado por nossos representantes é outro. Às vésperas das eleições, a discussão entre eles não está focada nos planos de governo nem nas propostas para diminuir a violência, mas sim no fisiologismo, nos espaços que vão lhes garantir poder e, quem sabe, imunidade para continuar praticando seus ilícitos.
O período de janela partidária, que vai até o dia 07 de abril, é o exemplo do momento. Vários pré-candidatos procuram novas siglas para abrigar seus interesses pessoais. Nenhum deles está preocupado com as causas do pobre, do fraco e do oprimido, com os problemas do país. Todos, com raras exceções, estão pensando na própria sobrevivência e na sobrevivência de seus companheiros. Longe estão do sentido pascoal.
Nesse domingo de Ressurreição, vamos desejar aos políticos brasileiros, uma dose de realidade. Que eles reflitam com mais sinceridade sobre o sacrifício de Cristo, espelhem-se nele, e coloquem em prática o pudor e a humildade que tanto lhes faltam.
Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Felipe Nunes