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Ministros são acostumados a trocar insultos em sessões do Supremo

Em junho de 2017, houve bate-boca entre Barroso e Gilmar por causa da delação premiada

A troca de insultos, esta semana, durante sessão do Supremo Tribunal Federal, entre os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, não chegou propriamente a surpreender a Corte, a imprensa e setores da opinião pública, diante do histórico de bate-bocas entre integrantes do STF, sobretudo por ocasião de votações de matérias polêmicas. Estava em pauta o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele não seja preso assim que o Tribunal Regional Federal da Quarta Região em Porto Alegre rejeitar os últimos recursos contra sua condenação, o que deve acontecer amanhã. Por seis votos a cinco, o Supremo concedeu uma liminar adiando a decisão para o início do mês de abril. Até lá, Lula poderá passar a Páscoa em casa.

O ministro Luís Roberto Barroso disse o seguinte, a respeito: “Ex-presidente da República, republicanamente, deve ser tratado como qualquer brasileiro. Existe jurisprudência em curso e ele não deve ser beneficiado por liminar”. Foi voto vencido e ainda teve que duelar com Gilmar Mendes, a quem se dirigiu em termos de baixo nível. Barroso afirmou a Gilmar: “Me deixe fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia”. Barroso estava irritadíssimo, segundo a revista Veja, com o hábito que Gilmar Mendes tem de criticar as decisões dos colegas insinuando sempre algum interesse oculto. Em resposta ao desabafo de Barroso, Gilmar insinuou: “Vou recomendar ao ministro que feche seu escritório”, com isto dando a entender que Barroso mantém vínculos com o escritório de advocacia em que trabalhava antes de ser ministro, o que, se fosse verdade, seria legal. Depois do entrevero, Barroso fez uma carta à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, em que afirma que não tem mais nenhum laço com seu ex-escritório.

Em junho de 2017, houve bate-boca entre Barroso e Gilmar por causa da delação premiada. O ministro Luís Barroso defendia a manutenção das delações premiadas quando foi acusado por Gilmar de não respeitar outras opiniões. “Respeite o voto dos outros”, provocou Mendes. Barroso retrucou: “Claro, vou plenamente respeitar os votos dos outros. (…) Agora, não pode ‘Acho que vou perder e vou embora’. Não! Estamos discutindo”. Gilmar deixou o plenário antes do fim da sessão. Em outubro de 2017, em sessão que tratava de outro assunto, Gilmar criticou Barroso por ter concedido o perdão da pena ao ex-ministro José Dirceu no caso do mensalão e afirmou que Barroso foi “advogado de bandidos internacionais”, referindo-se ao italiano Cesare Battisti, ex-cliente de Barroso. “Vossa excelência fica destilando ódio o tempo inteiro. Não julga, não fala coisas racionais, articuladas, sempre fala coisa contra alguém, está sempre com raiva”, rebateu Barroso. Em dezembro de 2017, a sessão tratava dos pedidos de políticos do MDB para que não fossem julgados pelo juiz Sergio Moro. Gilmar Mendes fez uma longa crítica à Lava-Jato, que classificou de serviço malfeito. O ministro Luís Roberto Barroso replicou rapidamente, afirmando não acreditar em “investigação irresponsável”.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes