Paulo Preto e outras quatro pessoas foram acusados formalmente de desviar recursos e imóveis destinados ao reassentamento de pessoas desalojadas por grandes obras viárias realizadas pela Dersa. São três os eventos denunciados, que tratam sobre o trecho sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê.
Segundo a denúncia, Paulo Preto comandava o esquema, que envolvia dois ex-ocupantes de cargo em comissão na empresa, José Geraldo Casas Vilella, chefe do departamento de assentamento da Dersa, e uma funcionária do setor na época dos fatos. Também é acusada de integrar o esquema uma irmã desta funcionária, e a psicanalista Tatiana Arana Souza Cremonini, filha de Souza.
Os cinco são acusados pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e inserção de dados falsos em sistema público de informação. Paulo Preto, Geraldo Vilella e a funcionária participaram dos três eventos denunciados. A irmã da funcionária da Dersa e Tatiana Cremonini participaram de um evento cada uma.
A denúncia coloca no centro dos holofotes da Lava Jato o PSDB paulista: além de ter trabalhado na gestão de Serra e do governador Geraldo Alckmin, virtual candidato do partido à presidência da República este ano, Souza também é próximo do chanceler tucano Aloysio Nunes. O engenheiro foi citado por delatores ligados às empreiteiras OAS e Andrade Gutierrez, e também pelo lobista Adir Assad.
A defesa do engenheiro afirma que ele “jamais pediu, exigiu ou solicitou qualquer valor a quem quer que seja”, e que as menções feitas por colaboradores da Justiça ao seu nome “se devem ao fato de nunca ter cedido às pressões das chamadas grandes empreiteiras que pretendiam exercer o monopólio e ditar regras”. Nos últimos meses seus advogados tentaram levar o caso para o Supremo Tribunal Federal, uma vez que pessoas com direito a foro privilegiado também fazem parte de uma ação sobre este tema que tramita na Corte. A denúncia desta quinta, no entanto, não menciona nenhuma destas autoridades, em uma possível estratégia do MPF de São Paulo para conseguir manter o processo na Justiça comum.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já se manifestou contrariamente a deixar este caso no STF, e a Corte ainda não deliberou sobre o assunto. Agora, com a denúncia apresentada, a expectativa é de que aumentem as chances de sucesso do MPF-SP de manter o processo sob sua jurisdição.
Além da denúncia desta quinta, o engenheiro já é alvo de dois outros processos que tramitam no STF, em casos que envolvem o chanceler Nunes, Serra e Gilberto Kassab (PSD). Mas um dos maiores problemas do engenheiro – e dos tucanos de seu círculo próximo – são documentos enviados pelo Ministério Público da Suíça que o colocam como titular de contas em offshores que somam 113 milhões de reais. O montante, incompatível com seus ganhos, reforça a tese de que Souza seria operador de propinas, uma vez que teria bom trânsito com empreiteiras. As autoridades brasileiras podem rastrear a origem e o destino final dos valores que passaram pelas contas atribuidas a Souza, levando a outros nomes do partido, por exemplo.
As polêmicas envolvendo Souza e o PSDB começaram em 2010, quando ele foi acusado por integrantes da legenda de ter embolsado cerca de 4 milhões de reais doados por empreiteiras para o então candidato tucano à presidência, José Serra. Seu poder de barganha ficou evidente naquele ano: prestes a ser abandonado por seus correligionários em meio às denúncias, ele fez uma ameaça velada que fez com que o partido recuasse na sua fritura. “Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada, não cometam esse erro”, afirmou ao jornal Folha de S.Paulo. Prontamente foi acolhido novamente no ninho tucano.
Vídeo: Lava Jato apresenta primeira denúncia em São Paulo
Fonte: MSN
Créditos: MSN