Maranhão está fora

Rubens Nóbrega

Não vejo, sinceramente, como o Doutor José Maranhão possa reverter a sua situação de inelegibilidade nas eleições deste ano.
Salvo melhor juízo, como dizem os juristas, e mesmo sabendo que na praça existe muito juízo bem melhor que o meu, penso que o ex-governador está definitivamente fora do páreo da sucessão municipal em João Pessoa.
Acho bom o PMDB, partido de Maranhão, cuidar de ir arrumando outro candidato a prefeito, e nesse caso o deputado Manoel Júnior teria a preferência, mas duvido muito que ele agora queira essa candidatura.
Sem o Doutor Manoel ou outro disposto ao ‘sacrifício’, o jeito que tem seria o PMDB começar a discutir as possibilidades de compor com um vice a chapa encabeçada por Cícero Lucena, do PSDB, ou a de Luciano Cartaxo, do PT.
Com esse último, o partido de Maranhão teria a vantagem de reeditar em nível local a vitoriosa coligação nacional que elegeu Dona Dilma em 2010 e se fortalecer tremendamente na peleja municipal.
Além do mais, se PMDB fechar aqui com o PT, não tenho a menor dúvida de que a Presidente Dilma e o Presidente Lula em pessoa virão à Paraíba quando setembro chegar. Dessa vez com muito gosto e sem perigo de entrar em bola dividida.
Tudo para dar aquela força à campanha do ‘cumpanheiro’ Luciano e a seu provável vice peemedebista. De quebra, na caravana pode vir também o jurista Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional da legenda de irrecusável apelo vascaíno. Se possível acompanhado por aquela deusa que o homem tem como mulher. Com todo respeito, Excelência.
Ele tem uma história e tanto
Por vezes desconfio que na Paraíba o M de P.M.D.B. é homenagem a Maranhão, muito mais do que ao Movimento Democrático Brasileiro que um dia a legenda foi, quando atendia pelo nome de MDB, simplesmente, e acolhia toda a resistência ao arbítrio da ditadura militar.
Porque assim era o velho MDB de guerra dos bons tempos do Doutor Ulysses, dos quais, registre-se, Maranhão foi figura de proa. Por todos os títulos e mérito, ele não pode ser desconsiderado nem sua história desrespeitada por alguns bigodetes que hoje fazem política e outros que na imprensa pensam fazer análise política.
Maranhão teve participação importante no MDB e na luta pela redemocratização do país. Mais do que isso, foi deputado estadual duas vezes, federal quatro ou cinco, senador da República e governador do Estado, três.
Talvez ninguém em toda a história política da Paraíba tenha acumulado tanto poder, tantos mandatos ou, como governante, tenha realizado tanta obra em pedra e cal como José Targino Maranhão. Nesse campo, até aqui o único que poderia rivalizar com ele seria Tarcísio Burity. E olhe lá!
Repouso do guerreiro? Que nada!
Por tudo o que já foi e fez, além de merecer ser citado e referenciado com o devido respeito, de sua parte e por seu turno Maranhão deveria recolher-se e emprestar seu engenho e sua arte de fazer política ao progresso da carreira dos mais qualificados expoentes da nova geração do partido.
Mas, como tem uma energia que parece inesgotável e impressionante jovialidade, Maranhão é o tipo do guerreiro que se recusa ao descanso, a depor as armas, porque está sempre pronto e disposto para a próxima batalha.
Mas nessa de 2012 ele não deve lutar, tenho quase certeza. Nada a ver com a sua condição política, mas com o novo status jurídico que lhe acometeu, o de inelegível nos termos da regra do jogo que está em vigor, por obra e graça da corte legislante em que se transformou o TSE.
Mas é bom que se diga…
A inelegibilidade de Maranhão, se consolidada, é de sua responsabilidade inteira. No máximo, poderá reparti-la um pouco com os seus parceiros de jornada. E, por favor, não vá fazer como Cássio Cunha Lima, que até hoje não se cansa de botar no TRE ou nos outros a culpa pelo que ele fez ou deixou de fazer.
Se Maranhão não pode ou não puder mesmo ser candidato a prefeito da Capital é porque não prestou contas como devia do que recebeu e gastou na campanha de 2010, talvez confiando que o TSE não mudaria a jurisprudência que até há pouco só não quitava eleitoralmente quem não tivesse prestado contas da campanha anterior.
O que era um absurdo, convenhamos, porque premiava a inadimplência, em verdadeira afronta àqueles candidatos que zelam por sua contabilidade de campanha e trazem tudo certinho e bonitinho para apresentar à Justiça Eleitoral. E esses, tenham certeza, formam a imensa maioria.
Evidente, como já anunciado pelo próprio Maranhão, que ele vai recorrer ao TSE da decisão do TRE. Mas duvido muito que tenha êxito, considerando, inclusive que lá em Brasília está pacificado o entendimento segundo o qual “não cabe recurso especial ou ordinário de acórdão de Tribunal Regional que examina prestação de contas de candidato, por constituir decisão eminentemente administrativa”.