Multidões dos blocos de Carnaval, ambiente abafado, piscinas cheias e mau uso de maquiagens e glitter são causas comuns de conjuntivite. O verão costuma apresentar alta nos casos da doença. A irritação nos olhos possui diferentes causas, e os sintomas podem durar até dez dias.
Surtos de conjuntivite já foram registrados em diferentes lugares no verão de 2018. Em Caldas Novas (GO), cerca de 2.000 pessoas procuraram atendimento médico devido à inflamação. No Carnaval de Salvador, os postos de saúde registraram 191 casos de conjuntivite, número bem superior aos 17 casos da festa em 2017.
A conjuntivite é caracterizada pela inflamação da membrana fina e transparente que reveste a parte branca dos olhos e o interior das pálpebras, a conjuntiva. Pode ser provocada por produtos químicos (como cloro, maquiagem, espuma), por vírus ou por bactéria. Há ainda algumas pessoas que sofrem de conjuntivite alérgica.
“O tipo mais comum de conjuntivite, que causa epidemias, é o viral, transmitido por gotículas de suor, secreções e contato físico. A aglomeração do Carnaval e de piscinas facilita o contágio”, diz Tiago Batista, oftalmologista do Hospital 9 de Julho.
Calor e aglomerações comuns na época do verão facilitam transmissão de conjuntivite viral
Diferentes tipos de vírus provocam a conjuntivite viral, sendo o mais comum o adenovírus. Segundo o médico, as duas épocas do ano em que ocorre aumento no número de casos da doença são o inverno, devido aos ambientes fechados por causa do frio, e o verão.
No verão, a proximidade maior entre as pessoas em piscinas e nos blocos de Carnaval, a umidade e o calor facilitam a propagação de micro-organismos causadores da inflamação.
De acordo com Edriene Teixeira, oftalmologista da rede municipal de saúde de Salvador, o compartilhamento de objetos pessoais e o uso de maquiagens e produtos como glitter podem levar à irritação ocular e aumentar o risco de contágio pela doença.
“As piscinas termais, sem tratamento com cloro, podem ter propagado vírus ou bactéria em Caldas Novas”, opina Batista. O Ministério da Saúde criou uma força-tarefa para identificar o tipo de conjuntivite que causou o surto na cidade.
Álcool em gel e cuidado
A principal dica para evitar a conjuntivite é higienizar bem as mãos –álcool em gel quando se está na rua é solução– e nunca coçar os olhos com elas sujas. A proteção contra a doença inclui ainda evitar o compartilhamento de materiais e utensílios que entrar em contato com os olhos, como óculos, maquiagem, lençol e fronha. “Se algo estiver contaminado, pode levar [contaminantes] aos olhos”, diz Batista.
Mas não é preciso ficar neurótico com o temor de contágio no verão. Piscinas com tratamento adequado não propagam micro-organismos causadores da conjuntivite. A irritação causada pelo cloro de piscinas pode ser evitada com a utilização de óculos de natação. E usando de forma correta e segura maquiagem e glitter, não há grandes riscos.
Grãos de areia nos olhos
O primeiro sinal de conjuntivite costuma ser a sensação de estar com um corpo estranho nos olhos, como grãos de areia. A inflamação também provoca coceira, lacrimejamento e, em alguns casos, secreção de pus. Casos mais intensos provocam dor ao redor do olho.
Os sintomas da conjuntivite do tipo viral podem durar de 7 até 10 dias. Devido à facilidade de transmissão, é normal que oftalmologistas recomendem que quem estiver com inflamação por vírus se ausente do trabalho enquanto durarem os sintomas.
O que fazer?
Em casos de conjuntivite viral, não há medicamento que combata o vírus. “O tratamento consiste em lubrificar os olhos com colírio e fazer compressa com água ou soro gelado para diminuir a vermelhidão e o inchaço”, diz o oftalmologista Tiago Batista. O uso de anti-inflamatório não melhora o quadro de irritação nos olhos.
“Nos sinais de olho vermelho e ardor, é necessário fazer assepsia dos olhos com soro fisiológico e procurar um oftalmologista para diagnóstico preciso do tipo de conjuntivite e prescrição de tratamento adequado”, diz a oftalmologista Edriene Teixeira.
Um exame realizado com uma lâmpada específica (exame de biomicroscopia) permite ao médico identificar o tipo de conjuntivite que a pessoa possui e indicar o colírio mais apropriado. Em casos de conjuntivite bacteriana, é necessário usar colírio antibiótico.
“Se a pessoa não conseguir atendimento [rápido], a lubrificação inicial pode ser feita com soro fisiológico”, afirma o médico.
O especialista realça a importância da avaliação médica. “A pessoa pode pensar que tem algo simples, mas que pode não ser tão simples. Tem conjuntivite com sintomas fortes no início, mas que melhora [mais rapidamente]. Ou que começam leves e depois pioram. Isso varia de pessoa para pessoa”, explica.
Fonte: UOL
Créditos: UOL