RICARDO FICA E ROMPE COM O PDT

DAMIÃO FELICIANO: QUEM TUDO QUER, TUDO PERDE? - Por Flávio Lúcio

É bom lembrar que o desempenho eleitoral do deputado federal Damião Feliciano sofreu um forte abalo na última eleição. Se em 2010, Damião obteve 87.134 (4,46%dos votos válidos), em 2016, mesmo com o crescimento do eleitorado, o pedetista perdeu quase 20 mil votos, obtendo 67.558 (3,49%), ficando na penúltima posição entre os eleitos. Isso mesmo com a esposa candidata à vice-governadora.

DAMIÃO FELICIANO: QUEM TUDO QUER, TUDO PERDE?

Sabe aquele provérbio que nos ensina que “quem tudo quer, tudo perde”? Acho que ele cai como uma luva quando observamos os movimentos da família Feliciano com vistas à disputa de 2018. Ocupando a posição estratégica de vice-governadora, Lígia Feliciano e seu clã, ao que parece, resolveram apostar. Uma aposta perigosa e arriscada, dado o tamanho e a influência da família nos arranjos políticos paraibanos. A aposta é a seguinte: avaliando que Ricardo Coutinho não terá outra alternativa a não ser renunciar ao mandato para ser candidato ao Senado, os Feliciano atualmente jogam parado, esperando apenas que esse fato, que eles consideram inevitável, finalmente se concretize e Lígia passe a ocupar a cadeira que, por herança, ela considera que será sua. Os Feliciano são, claro, também estimulados por todo tipo de analista político − os mesmo que, há quatro anos, profetizavam como inevitável a vitória de Cássio Cunha Lima para o governo estadual. A crença (ou a torcida) da imprensa cassista na renúncia de RC é unânime. Segundo eles, governador não terá outro caminho a não ser renunciar ao cargo quando abril chegar, entregando-o de bandeja a Lígia. E a base desse raciocínio é quase primária: vão prevalecer os interesses carreiristas de RC, porque ele não trocaria uma eleição certa para o Senado para ficar no governo por mais nove meses, e arriscar ficar sem mandato por pelo menos dois anos, como fizeram outros governadores que o antecederam. Não há dúvida que se o vice de Ricardo Coutinho fosse de sua estrita confiança ou guardasse identidade com o seu projeto político-administrativo, essa dúvida não existiria, afinal, a eleição de senador seria a consagração de seu governo e de sua liderança política. Além dos oito anos de mandato no Senado, claro. Mas, essa equação não é tão simples assim. E não cabe argumentar a respeito de uma possível “falta de confiança” de Ricardo Coutinho na sua vice-governadora, como muitos insistem. Além de Lígia Feliciano ser de outro partido, é bom não esquecer que a atual posição de Lígia Feliciano é resultado de uma aliança puramente circunstancial, que, aliás, só foi definida nas últimas horas antes do prazo final das convenções partidárias. Até o anúncio formal, como ficou evidente, os Felicano negociaram tanto com RC quanto com Cássio Cunha Lima. Em razão disso, RC tem todos os motivos para não permitir que Lígia Feliciano assuma o governo. Concretizada essa situação, a possibilidade de que a própria Lígia Feliciano seja candidata à reeleição não pode ser nem de longe descartada. Sobretudo, numa situação em que a oposição começa a enxergar o cenário difícil que tem pela frente − enfrentar o candidato de um governo bem avaliado, com forte poder de arregimentação e carregado de obras por inaugurar, − e a possibilidade de restar unicamente a candidatura de José Maranhão (e talvez a de Cássio). Nesse cenário, estimular Lígia, já sentada na cadeira de governador seria, e tê-la como uma candidata seria, como se diz por aí, uma “mão na roda”. Por isso, muitos jornalistas cassistas se ouriçam diante da mera expectativa da vice-governadora assumir a titularidade do governo. Sem a renúncia de Lígia Feleciano, RC fica O cenário que parece ser o mais provável, hoje, é o da permanência de RC no governo em razão da disposição de Lígia Feliciano de também permanecer no cargo de vice-governadora, por mais que muitos coloquem em dúvida a capacidade do governador sacrificar uma eleição certa em nome da continuidade de um projeto político-administrativo. E é bom que Lígia e Damião Feliciano levem em conta o termo “sacrificar”, porque se trata disso mesmo.

RICARDO VAI PARA O SACRIFÍCIO

Um sacrifício político que Ricardo Coutinho será levado a fazer em razão da impossibilidade de um acordo com sua vice-governadora, um acordo que atenda tanto aos objetivos dos Feliciano quanto aos objetivos do governador. Reafirmo que considero legítima a pretensão de Lígia Feliciano. Ela tem todo o direito de almejar chegar ao Governo da Paraíba porque sua posição é estratégica e dá a ela um poder que vai além do peso político e eleitoral que sua família jamais teve. E se isso é motivo para fazê-la apostar num movimento de alto risco, a posição de Lígia também fortalece seu grupo para um acordo que pode ser amplamente vantajoso, e muito além do peso que os Feliciano dispõem. Por exemplo, possibilidade que muitos aventam: ser candidata à suplência de RC para o Senado, o que pode render-lhe até oito anos de mandato, a depender de quem será o próximo Presidente da República, seja Lula (ou alguém apoiado por ele) ou Ciro Gomes, já que Coutinho seria um fortíssimo nome a assumir um ministério. Ou mesmo o retorno à Prefeitura de João Pessoa, em 2020.

RICARDO ROMPE COM O PDT

Por isso, é bom Damião e Lígia Feliciano considerarem a possibilidade de perderam a aposta com o governador confirmando mesmo a disposição já anunciada de permanecer no governo − nesse caso, Lígia deixa de ter a posição estratégica que hoje ocupa e passa a ser tratada como adversária política, pois eu duvido que RC, mesmo precisando do apoio do PDT para a candidatura de João Azevedo − partido não vai faltar no palanque do PSB, − aceite acordo com o pedetista.

DAMIÃO FICOU NA PENÚLTIMA POSIÇÃO

É bom lembrar que o desempenho eleitoral do deputado federal Damião Feliciano sofreu um forte abalo na última eleição. Se em 2010, Damião obteve 87.134 (4,46%dos votos válidos), em 2016, mesmo com o crescimento do eleitorado, o pedetista perdeu quase 20 mil votos, obtendo 67.558 (3,49%), ficando na penúltima posição entre os eleitos. Isso mesmo com a esposa candidata à vice-governadora. Além de tudo, a eleição de 2018 não será fácil para quem já é parlamentar devido ao alto grau de insatisfação do eleitorado. Portanto, os Feliciano devem considerar nas suas projeções e análises o provérbio que dá título a esse artigo: “quem tudo quer, tudo perde”.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Flávio Lúcio