Um e-mail enviado na quarta-feira (14/02) por uma agência de comunicação espanhola rejeitando o currículo de uma publicitária por ser mulher causou indignação nas redes sociais, viralizou no Twitter e gerou centenas de mensagens de apoio a ela.
“Olá, Carla, agradecemos pelo seu currículo. Justamente neste momento, estamos em processo de seleção, mas procuramos um rapaz porque as contas em que [essa pessoa] vai trabalhar são [as da] Carglass e da Coca-Cola… e, acredite em mim, precisam de um homem para aguentar o ritmo, as visitas, saber sobre a produção etc. Mas ficamos com seu histórico profissional para o caso de termos alguma necessidade futura. Obrigado e muita sorte!”, diz o e-mail em que a empresa Impulsa dá uma resposta negativa à publicitária de 25 anos.
“Incrível que ainda existam empresas que não apoiem a igualdade de gênero no ambiente de trabalho”, escreveu Carla no Twitter, junto à foto do e-mail.
A publicitária, que trabalha em Barcelona, não tardou a receber mensagens de apoio de centenas de usuários no Twitter e pedidos de entrevista da imprensa.
“Sou executiva de contas e posso fazer o trabalho igual a um homem. Não tenho nenhum problema, minha equipe toda é de mulheres e conduzimos a agência [onde trabalha atualmente] perfeitamente. Me senti insultada”, afirmou em entrevista ao jornal La Vanguardia.
Segundo Forcada, publicar a resposta da Impulsa foi uma forma de mostrar que a discriminação contra mulheres existe no mercado de trabalho e que é preciso denunciá-la.
Repercussão
A repercussão negativa nas redes sociais fez com que Coca-Cola e Carglass se pronunciassem via Twitter.
“A Companhia Coca-Cola não trabalha com a Impulsa Comunicación e rejeita esse tipo de respostas discriminatórias. Contamos com uma política de contratação inclusiva, diversa e igualitária. Lamentamos ver nosso nome relacionado a essa resposta discriminatória e infeliz”, diz o tuíte publicado pela Coca-Cola Espanha.
Já a conta da Coca-Cola Iberia respondeu a acusações de usuários que apontaram a ligação da empresa com a Impulsa. “Estamos recolhendo informação sobre esse assunto, e com base nisso, nosso compromisso é tomar as medidas necessárias de acordo com nossa política de diversidade e inclusão”.
A Carglass também lamentou o ocorrido: “Pedimos desculpas, pessoalmente a você [Carla] e a todas as pessoas que [ficaram] ofendidas com essa mensagem, nós também estamos. Já expressamos a nossa posição junto à Impulsa Comunicação. Nossa empresa promove a igualdade de gênero e atos assim não nos representam”, escreveu, também no Twitter, a representação espanhola da companhia.
Segundo e-mail
Depois de mergulhar numa crise de reputação, a Impulsa Comunicación, segundo o La Vanguardia, enviou um segundo e-mail a Carla em que lhe disseram que havia a possibilidade de a publicitária ser contratada.
“Falamos internamente (além do mais, acho que há uma pessoa que te conhece aqui conosco) e acredito que você poderia se encaixar em outros projetos. Na semana que vem, te ligamos, você aparece na agência e te explicamos?”, diz o texto, que a publicitária divulgou em sua conta no Instagram.
Focada afirmou ao jornal que “nem respondeu” a esse e-mail. “A empresa entrou em contato comigo e depois nem sequer se desculpou”, disse, na entrevista.
O diário ABC conseguiu falar com o diretor da Impulsa, Pere Terés. “Lamentamos o mal-entendido. Falei pessoalmente com essa pessoa [autora do e-mail]. Foi resultado de uma atitude precipitada, porque fico muito incomodado em não responder às pessoas que enviam currículo. Nós a convidamos a vir aqui, somos uma empresa transparente, com paridade, mas em nenhum momento se aceita, em nenhuma circunstância, que haja nenhum tipo de discriminação”, afirmou Terés.
Atualmente, o site da Impulsa Comunicación está fora do ar por “manutenção programada”.
Fonte: G1
Créditos: G1