TOMA LÁ DÁ CÁ

RESPONDENDO A FLÁVIO LÚCIO: 'o que o próximo governador precisa' - Por Joilton Costa

A liderança política do senador Cássio Cunha Lima não é uma conquista pessoal dele

A liderança política do senador Cássio Cunha Lima não é uma conquista pessoal dele. É o reconhecimento de um trabalho político com muitos serviços prestados, e com destaque, em todos os mandatos que ele exerceu.

Desde quando começaram os debates sobre as eleições, Cássio tem dito que luta pela união das principais forças de oposição, simbolizada nos nomes dele próprio e do companheiro de partido prefeito Romero Rodrigues, do prefeito Luciano Cartaxo e do senador José Maranhão. Embora defenda essa tese, Cássio não agride quem pensa diferente, estando ou não no mesmo campo político.

Voltando a 2009, me deixa absolutamente surpreso que, contra todos os textos da época e a verdade em qualquer tempo, o professor Flavio Lúcio, em recente artigo publicado pelo Blog do Rubão, faz, num único parágrafo, duas afirmações absolutamente inverossímeis.

Primeiro diz que o mandato de Cássio foi cassado por corrupção (diz “corrupção eleitoral”) e, por isto, erra. Basta ler o Acórdão daquela decisão que comprova-se que nem a Justiça Eleitoral, que tomou aquela decisão absurda (e injusta), fala em corrupção. Lá está descrito “conduta vedada a agente público”, antes de detalhar que essa conduta vedada tratou de executar programa social sem observar a previsão legal.

Porém, me chamou especial atenção Flavio Lúcio afirmar que o atual senador “forçou uma aproximação política com o então prefeito de João Pessoa”. Sério? Então, por favor, devemos considerar todo o noticiário político da época como Fake News (termo até então quase sem utilização).

Escrevo isso não para as pessoas com mais idade e que acompanharam os acontecimentos de 2009 e 2010, mas para que os adolescentes da época, atuais jovens adultos, saibam que o que ocorreu foi justamente o contrário. Uma forte atuação (legítima, inclusive) do então prefeito de João Pessoa para conquistar o apoio de Cássio, que se mostrou decisiva à sua vitória. Essencial, acrescento.

Dizer que essa aliança foi decisiva para a eleição de Cássio em 2010 é, me perdoe a crítica, totalmente descabido. Não teria acontecido o contrário? O apoio de Cássio Cunha Lima para Ricardo Coutinho em 2010 não foi apenas importante. Foi decisivo! E isto, nas conversas informais, até os girassóis mais ardorosos reconhecem. Ou alguém imagina que Ricardo teria renunciado à PMJP para ser candidato contra José Maranhão e um eventual candidato apoiado por Cássio?

Ouso fazer estes reparos ao artigo do professor Flávio Lúcio porque ele é do tipo de pessoa que, pela inteligência que possui e o texto aprumado que detém, é capaz de fazer alguém acreditar no que está escrito. Lembra-me Gilvan Freire, cujo poder de argumentação pode fazer qualquer pessoa acreditar que ela está errada e não ele.

Como é natural, lideranças políticas surgem sempre. E isso é bom. A Paraíba que tinha, até 2010, dois polos políticos hegemônicos, passou a ter mais opções. E isso, além de natural, é um fator positivo, pois o cidadão sempre terá mais opções de visão de mundo à disposição.

Longe de querer se portar como dono do posicionamento político de quem quer que seja, Cássio sempre apresenta suas opiniões e as defende, como aliás não poderia ser diferente. Ele, obviamente, tem dimensão do seu tamanho político, mas jamais foi de impor o seu posicionamento de maneira ditatorial, porém não abdica do direito natural de opinar. Aliás, qualquer pessoa tem tal faculdade. Resumindo, apresenta a sua tese, defende os seus pontos de vista e conquista (ou não) adeptos a ela.

Em 2018, o desafio é, como sempre, grande. Há uma máquina pública que é usada de maneira despudorada sob a omissão dos órgãos fiscalizadores responsáveis, não fosse assim o que justificaria um Tribunal passar mais de três anos e sequer julgar uma ação eleitoral, como é o caso Empreender, que certamente mostraria à Paraíba como foram as eleições de 2014?

O professor poupa o atual governador de qualquer crítica, deixando claro que este teria um mandato à disposição. Tanta certeza, me levo a crer, pode ser fruto de saber da experiência de abusos que são cometidos desde 2010, vide caso Jampa Digital, cuja investigação da Polícia Federal apurou que a campanha do então candidato a governador foi beneficiada com recursos oriundos do mal sucedido programa de inclusão digital.

Faço estas ponderações (teria outras a fazer), para deixar claro que o próximo governador da Paraíba precisará recuperar a educação cujas metas do IDEB sequer são alcançadas – até 2009, as metas eram superadas com folga.

Esta é a verdadeira alternativa. O próximo governador da Paraíba vai precisar trabalhar a questão da segurança pública sem bravatas (quem não se lembra que o atual governador afirmou que iria resolver em seis meses a questão?).

O próximo governador deverá respeitar as decisões judiciais, os servidores públicos. Deverá inclusive abrir todas as contas públicas, dando a publicidade exigida na lei. Por falar em publicidade, ao próximo governador não será permitida nenhuma farra publicitária que serve apenas para exaltar o nome do governante e tentar esconder a Paraíba real.

A Paraíba com vários serviços essencialmente públicos, nas mãos de entidades privadas que não prestam contas dos seus atos ao cidadão, como acontece na saúde, deverá ser reavaliada, sim.

A Paraíba cobra responsabilidade com a nossa UEPB, que atualmente é tratada como um peso, simplesmente porque é autônoma e muitos professores universitários, por se considerarem “de esquerda”, eximem-se de criticar a perseguição atual.

E lembrem que foi o então governador Cássio quem concedeu, logo no início do seu governo, autonomia total à UEPB. Pois bem, setores da academia não reconhecem esse mérito e, pior ainda, omitem-se e se calam.

O próximo governador precisará reduzir o déficit habitacional do Estado, que viu prefeituras como a de João Pessoa e Campina entregarem mais casas que o próprio governo do Estado.

Enfim, vivemos um período de fim de governo, onde todos os atos públicos são na realidade comícios, sob a omissão dos órgãos de fiscalização e muita gente acha isso normal. Eu não.

A vida real da Paraíba não está na propaganda do governo.

• Joilton Costa é jornalista, Assessor de Imprensa do senador Cássio Cunha

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Joilton Costa